Quem não tirar nome da CPMI, não terá verba, diz Zé Trovão; governo nega e fala em diálogo
Deputado afirma que possível coação aconteceu em reunião com presença do ministro Alexandre Padilha
O deputado federal Zé Trovão (PL-SC) declarou, nesta terça-feira (7), que o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) estaria intimidando os novos parlamentares, ao pedir que eles tirassem o nome do requerimento para abertura de uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) sobre os atos de 8 de janeiro.
“Estão convocando os parlamentares novos até o Palácio do Planalto para intimidá-los. Quem não tirar a assinatura da CPMI, não vai receber o dinheiro, que é um direito nosso para levar ao estado. E, eu estou dizendo isso porque fui até lá hoje nessa reunião, para saber o que eles iam falar. E eles têm a cara de pau de querer coagir os novos deputados que chegaram na casa”, afirmou Zé Trovão.
Convocado pelo ministro de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, o encontro aconteceu pela manhã e contou com a presença de deputados eleitos pelo Sul e Centro Oeste do país. A reunião também constou na agenda oficial do vice-presidente, Geraldo Alckmin (PSB).
Em um vídeo enviado à analista de economia da CNN Raquel Landim, Padilha disse que as acusações são mentirosas. “O que vai existir da minha parte e do governo, [é que] nós vamos dialogar com o parlamento, com os deputados, para tentar convencê-los que não é a melhor forma de apurar quem financiou, quem organizou”, explicou.
CPMI
A oposição ao governo Lula reuniu as assinaturas necessárias e protocolou, em 27 de fevereiro, um requerimento de abertura da comissão.
O documento tem os nomes de 189 deputados e 33 senadores e pede “a criação de Comissão Parlamentar Mista de Inquérito com a finalidade de investigar os atos de ação e omissão ocorridos no último dia 8 de janeiro nas Sedes dos Três Poderes da República, em Brasília”.
A administração de Lula é contrária a uma CPI, pois há receio de que de alguma forma possa virar um palco para a oposição.
Zé Trovão
Conhecido por liderar um movimento de apoiadores de Bolsonaro e de ameaças ao ministro do STF, Alexandre de Moraes, Zé Tróvão foi eleito deputado federal no ano passado por Santa Catarina.
Ele é alvo de investigação que apura os atos antidemocráticos de 7 de setembro de 2021. Antes de ser preso, chegou a passar dois meses foragido, parte do período no México.
Por decisão do STF, a prisão foi substituída por medidas alternativas. Entre elas, uso de tornozeleira eletrônica, restrição de viagens e bloqueio de redes sociais. Por determinação da justiça, Zé Trovão também não pode conceder entrevistas.
(*Com informações de Julliana Lopes, da CNN)