Prime Time

seg - sex

Apresentação

Ao vivo

A seguir

    ChatGPT, Meta, Microsoft, Google, Snapchat: a guerra das plataformas pela inteligência artificial

    Potencial de monetização, aliado a rápida viralização, fez com que as big techs corressem para desenvolver ferramentas com o uso da tecnologia

    Pedro Zanattada CNN , em São Paulo

    A tecnologia de inteligência artificial (IA) tem ganhado cada vez mais espaço no dia a dia de quem faz uso de tecnologia, ou trabalha com ela. E a tendência é que a presença dessa tecnologia aumente, já que gigantes como as plataformas Google, Meta, Microsoft e Snapchat estão investindo grandes recursos no desenvolvimento de funções e ferramentas que incorporam a IA.

    Especialistas dizem que a corrida tecnológica em torno desse tipo de recurso ocorre por uma série de fatores como a viralização, a fácil monetização de ferramentas com a inteligência artificial e a capacidade de respostas personalizadas.

    O sucesso recente do ChatGPT, uma ferramenta que usa IA para escrever os mais diferentes tipos de texto, é uma amostra disso. E, apesar de ter apresentado algumas falhas, indica que deve se popularizar, já que, em geral, interage com os usuários de uma maneira natural, dando a impressão de uma conversa com outro ser humano.

     

    Já na primeira semana, o cofundador da Open AI, desenvolvedora do Chat GPT, Sam Altman, um importante investidor do Vale do Silício, nos Estados Unidos, disse no Twitter que a ferramenta ultrapassou um milhão de usuários.

    Além de chamar a atenção dos usuários, o chatbot chamou a atenção da indústria de tecnologia.

    O analista de Business Intelligence da Play9 Lucas Cabral diz que o Chat GPT se destacou por oferecer um avanço.

    “O Google, por exemplo, você faz uma pergunta, uma pesquisa, e ele te traz resultados indexados à ferramenta, sites etc. Enquanto o ChatGPT, como modelo de linguagem utilizando IA, ele consegue responder a sua pergunta de uma forma mais humanizada e mais clara”.

    Já Arthur Igreja, especialista em Tecnologia e Inovação, destaca a possibilidade de monetização desses softwares, algo que, segundo ele, pode ser muito lucrativo.

    “É possível com o ChatGPT monetizar desde o começo de maneira muito clara. Tem tudo para se tornar incrivelmente lucrativo. Outro pilar importante é a questão tecnológica. Não tinha como rodar isso sem ter grandes bases de dados e capacidade de processamento. Por isso que tudo está acontecendo ao mesmo tempo e gerando essa competição absurda”, disse.

    Um exemplo de fácil monetização citado por Igreja é o recurso lançado pela desenvolvedora do ChatGPT. Trata-se de uma ferramenta de transcrição, que usa inteligência artificial para transcrever e traduzir áudios, cobrando US$ 0,006 por minuto de áudio.

    Segundo os especialistas, mecanismos com a inteligência artificial podem servir como um complemento aos mecanismos de busca, um fator que também fez com que empresas corressem atrás da tecnologia.

    “Despertou o interesse de conseguir trazer uma “versão 2.0″ de uma ferramenta de buscas, por exemplo, nos assistentes virtuais. Eles conseguem desenvolver de uma forma humanizada um texto mais completo para questionamentos dos usuários”, pondera Cabral.

    Polêmicas e possibilidades

    Ainda que as ferramentas oferecem potenciais e avanços, elas também geram discussões. Uma delas que especialistas chamam a atenção é com relação ao impacto que a tecnologia de inteligência artificial pode gerar no mercado de trabalho.

    “Muita gente é contra essa evolução da IA por conta de questões trabalhistas, onde ela substituiria a carga humana de trabalho. Nesse cenário ela é meio controversa”, diz Lucas Cabral.

    Uma pesquisa da Resume Builder apontou que 49% de 1.000 empresas consultadas já usam IA em atividades cotidianas. Sendo que cerca de 48% afirmam que isso já causou algum tipo de mudança no quadro de colaboradores – demissões ou contratações.

    Arthur Igreja menciona que, “principalmente para produtores independentes e pequenos negócios, isso tem causado um impacto gigante, pois, hoje, se consegue usar IA para gerar uma imagem, texto, ou seja, as pessoas estão efetivamente trabalhando com essas ferramentas”.

    Para os especialistas, é preciso encontrar um equilíbrio entre o trabalho humano e a inteligência artificial. Ou seja, oferecer aos trabalhadores uma educação para utilizar as ferramentas com o objetivo de diminuir o tempo em tarefas repetitivas. Tudo isso somado a uma capacitação cada vez maior dos trabalhadores.

    Com relação às possibilidades, a grande vantagem da tecnologia está no aumento de produtividade que ela oferece.

    “Costumo dizer que todas essas ferramentas são o novo Pacote Office. Ou seja, antigamente era difícil ter as informações concatenadas. E quando surgiu o Excel foi a grande revolução. E agora está acontecendo algo análogo, só que com inúmeras frentes de software e tecnologia”, avalia Igreja.

    Efeito manada

    Com o sucesso do Chat GPT, a gigante da tecnologia Microsoft anunciou uma reformulação de seu mecanismo de busca Bing e do navegador Edge alimentado por inteligência artificial.

    Para isso, a empresa firmou uma parceria justamente com a desenvolvedora do ChatGPT, a Open AI.

    “É um novo paradigma para a pesquisa. Uma inovação rápida virá”, disse o CEO da Microsoft, Satya Nadella. “Na verdade, uma corrida começa hoje … todos os dias queremos trazer coisas novas e, o mais importante, queremos nos divertir muito inovando na pesquisa porque é hora.”

    Já o Google revelou uma nova ferramenta de chatbot apelidada de “Bard” para competir com a ferramenta.

    Assim como o rival, o Bard é construído com base em um grande modelo de linguagem. Esses modelos são treinados em dados on-line para gerar respostas convincentes aos usuário.

    O anúncio ocorre quando o principal produto do Google – a pesquisa online – enfrenta seu risco mais significativo. Nos dois meses desde que foi lançado ao público, o ChatGPT foi usado para gerar ensaios, histórias e letras de músicas e para responder a algumas perguntas que alguém poderia ter pesquisado anteriormente no Google.

    Em seguida, foi a vez de Mark Zuckerberg anunciar a criação de um time dedicado ao desenvolvimento de “produtos de alto nível focados em inteligência artificial”.

    Em um comunicado divulgado em seu perfil do Facebook, Zuckerberg explicou que os times estão testando experiências de texto, com os bate-papos do WhatsApp e do Messenger, e de imagem, com filtros no Instagram e formatos de anúncio.

    Outra plataforma que entrou na corrida foi a rede social Snapchat ao lançar a chamada “My AI”, uma ferramente de IA integrada ao aplicativo para gerar conversas humanizadas.

    A princípio, a rede social espera utilizar a ferramenta com foco em entregar serviços aos usuários, como respostas a dúvidas básicas e até execução de tarefas.

    Mesmo com os investimentos e lançamentos, a tecnologia terá de ser desenvolvida pelas empresas. Tanto o Google como a Microsoft enfrentaram problemas com suas ferramentas de inteligência artificial por conta de respostas consideravelmente imprecisas.

    Lucas Cabral afirma que, por serem recentes, as ferramentas ainda não possuem uma grande base de dados. Segundo ele, é preciso de investimento na curadoria das informações.

    “Como qualquer outra, essa tecnologia tem um viés, e se não estivermos caminhando junto a uma boa prática de validação de informação, de combate às fake news, à desinformação, teremos um futuro de buscas na internet bastante prejudicado”, disse.

    Tópicos