Petrobras não cumpre meta em 2022 e investimentos voltam ao patamar de 2004
Valor investido no ano passado é 81% menor que pico histórico de 2014
O volume de investimentos da Petrobras em 2022 ficou 17% abaixo do planejado para o ano. Os dados apresentados pela empresa mostram ainda que a média anual de investimentos da estatal nos últimos três anos – 2020, 2021 e 2022 – ficou em US$ 8,6 bilhões.
Nesse valor, o investimento anual da petroleira retornou ao patamar visto em 2004. Em 2022, a estatal petroleira somou US$ 8,956 bilhões em investimentos. A cifra mostra aumento de 2,1% na comparação com o ano anterior.
Apesar da alta, o balanço da estatal reconhece que a cifra frustrou o planejamento previsto pelo Plano Estratégico da empresa.“O Capex (sigla em inglês para gastos de capital) foi 17% abaixo do planejado para o ano no Plano Estratégico 2022-2026”, cita o balanço divulgado ontem à noite.
Na comparação com o pico histórico de 2013 – quando foram investidos US$ 48 bi, o investimento do ano passado mostra queda de 81%.
Segundo o documento, a meta de investimentos não foi alcançada no ano passado por três fatores. Primeiro, alguns dos projetos previstos para 2022 foram adiados para 2023. A estatal também argumenta que houve “otimizações de gastos exploratórios” – o que também reduziu o volume de investimentos.
A terceira razão é a não substituição prevista de alguns dutos nos campos de Búzios e Tupi porque a inspeção técnica mostrou maior vida útil da infraestrutura.A fraqueza dos investimentos, porém, não é algo novo – observado apenas após a pandemia. A série histórica da estatal revela clara tendência de reversão e enfraquecimento dos investimentos na última década.
Derrocada dos investimentos
Entre 2014 e 2020, a estatal amargou sete anos seguidos de queda dos investimentos ano após ano. Essa redução dos investimentos a partir de 2014 aconteceu como reação a alguns fatores que prejudicaram a saúde financeira da empresa.
O período foi marcado pela forte mudança na gestão da empresa após as perdas bilionárias sofridas pela estatal. A mudança foi reação aos prejuízos registrados em balanço. Naquela época, a estatal praticava preços de combustíveis subsidiados no Brasil, o que gerou perdas por vários trimestres.
A empresa também reconheceu prejuízos financeiros gerados por casos de corrupção – alguns deles investigados pela Operação Lava Jato.Para tentar contornar a situação, a empresa petroleira passou a tomar ainda mais crédito no mercado financeiro. Como resultado, a Petrobras começou a carregar o título de empresa com maior dívida corporativa do mundo: chegou a US$ 160 bilhões – cerca de R$ 830 bilhões.
Desde então, a Petrobras teve uma clara melhora dos indicadores financeiros. Nessa estratégia, a empresa reduziu ano após ano o volume de investimentos em novos projetos – como mostram os números. Acionistas também foram punidos e, entre os anos de 2014 e 2017, a empresa interrompeu o pagamento de dividendos.
E, aos consumidores, a empresa adotou uma nova política de preços – a PPI, política de paridade de importação – que vigora atualmente.