Conselho da Petrobras aprova dividendos de R$ 2,74 por ação
No caso de aprovação em assembleia-geral de acionistas, os dividendos serão pagos em duas parcelas iguais nos meses de maio e junho
Em Fato Relevante divulgado na noite desta quarta-feira (1º), a Petrobras informa que o conselho da estatal aprovou o encaminhamento à Assembleia Geral de Acionistas a proposta de distribuição de dividendos de R$ 2,7457 brutos por ação preferencial e ordinária em circulação.
Na segunda-feira (28), o conselho de administração da estatal aprovou a realização da Assembleia Geral Ordinária (AGO) de acionistas da empresa para 27 de abril.
Na nota, a Petrobras diz que o horário, local e formato da assembleia serão informados posteriormente.
Ao divulgar os resultados da companhia do quarto trimestre de 2022, a Petrobras informou que, como o montante ultrapassa em R$ 6,5 bilhões no trimestre a aplicação da fórmula prevista na Política de Remuneração aos Acionistas, o conselho de administração (CA) sugeriu que os acionistas avaliem a criação de uma reserva estatutária.
“Caso os acionistas não acatem a sugestão do CA de criar a reserva, ou, caso não seja retido todo o saldo, o conselho recomendou aos acionistas que o pagamento desses R$ 6,5 bilhões ou do saldo remanescente ocorra em 27/12/2023 corrigido pela Selic e deduzido do valor da segunda parcela de dividendos”, disse a empresa.
No caso de aprovação sem a retenção ou postergação, os dividendos serão pagos em duas parcelas iguais nos meses de maio e junho.
A distribuição bilionária de dividendos é criticada por integrantes do governo Lula (PT) e do próprio Partido dos Trabalhadores. A presidente do PT, Gleisi Hoffman, já tinha se manifestado, ainda no ano passado, rechaçando a atual política.
“Passada a eleição volta a sangria na Petrobras. Estão preparando a distribuição de R$ 50 bilhões em dividendos. Não concordamos com essa política que retira da empresa sua capacidade de investimento e só enriquece acionistas. A Petrobras tem de servir ao povo brasileiro”, disse ela em novembro pelo Twitter.
A Política de Remuneração ao Acionista, aprovada pelo Conselho de Administração em 2019 e modificado nos anos seguintes, prevê pagamentos periódicos. A estatal defende que os pagamentos por ação refletem a diminuição da dívida da companhia.
Conforme informações do analista da CNN Caio Junqueira, o governo avalia retomar o modelo de distribuição de dividendos da Petrobras que era feito nos governos Lula e Dilma Rousseff. Segundo fontes da Petrobras disseram à CNN, o assunto já foi tratado pelo presidente da estatal, Jean Paul Prates, com o presidente Lula.
A ideia em análise é que o percentual de distribuição de dividendos seja equivalente ao utilizados nos governos anteriores petistas, algo em torno de 35% a 40% do total. Hoje, praticamente todo o lucro é distribuído.
O analista da CNN Fernando Nakagawa mostra uma estimativa feita pelo banco suíço UBS projetando que a Petrobras deve distribuir o equivalente a 28% do preço de suas ações em dividendos a seus acionistas. Ou seja, o investidor que comprou R$ 100 em ações da estatal em 2022, teria obtido, durante o ano, R$ 28 em lucro partilhado pela empresa.
Ao comparar com outras petroleiras internacionais, a Petrobras sai na frente. A chinesa Sinopec distribui 9% em dividendos. Em seguida, aparecem Exxon e Saudi Aramco, com 4%. Por fim, Chevron e Shell com uma distribuição de 3% em dividendos. Portanto, proporcionalmente, o pagamento de dividendos da Petrobras chega a ser mais de 9 vezes maior que o visto nos grandes concorrentes internacionais.
*Publicado por Ana Carolina Nunes. Com informações de Reuters