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    Análise: nova avaliação sobre origem da Covid-19 aumenta confusão

    Relatório pondera possibilidade de vírus ter escapado de laboratório na China

    Paul LeBlancda CNN

    “Queremos saber o que levou a isso [pandemia], para que possamos tentar evitar que algo semelhante aconteça no futuro”, afirmou o Dr. David Relman, especialista em doenças infecciosas e microbiologista da Universidade de Stanford, em 2021, refletindo em uma conversa nacional sobre as origens da Covid-19.

    Escapou de um laboratório? Foi uma transferência zoonótica? Algo mais? Certamente, com o tempo, uma resposta se tornaria clara.

    Mas agora, três anos após o início de uma pandemia que ainda está afeta a vida cotidiana, uma avaliação do Departamento de Energia dos Estados Unidos só aumenta a confusão sobre o que realmente aconteceu em Wuhan, na China, no final de 2019.

    O departamento avaliou que a pandemia provavelmente surgiu de um vazamento de laboratório na China, de acordo com um relatório de inteligência classificado recém-atualizado, noticiado pela primeira vez pelo The Wall Street Journal.

    No entanto, duas fontes disseram que órgão avaliou no relatório que tinha “baixa confiança” de que o coronavírus escapou acidentalmente de um laboratório em Wuhan, segundo Jeremy Herb e Natasha Bertrand, da CNN.

    As agências de inteligência podem fazer avaliações com confiança baixa, média ou alta; e uma avaliação de baixa confiança geralmente significa que as informações obtidas não são confiáveis o suficiente ou são muito fragmentadas para fazer um julgamento analítico mais definitivo. Ou então que não há informações suficientes disponíveis para tirar uma conclusão mais robusta.

    O conselheiro de segurança nacional, Jake Sullivan, reconheceu no “State of the Union”, da CNN, no domingo (26), que a comunidade de inteligência está dividida sobre o assunto, ao mesmo tempo em que observou que o presidente Joe Biden investiu recursos para chegar ao fundo da questão da origem.

    Mas os especialistas estão divididos sobre o assunto há anos:

    • Em 2021, a comunidade de inteligência desclassificou um relatório que mostrava que quatro agências avaliaram com baixa confiança que o vírus provavelmente passou de animais para humanos naturalmente na natureza;
    • Um outro documento avaliou com confiança moderada que a pandemia foi resultado de um acidente de laboratório;
    • Três outros elementos da comunidade de inteligência não conseguiram se unir em torno de nenhuma das explicações sem informações adicionais, disse o relatório.

    Teoria do vazamento de laboratório ganha força

    Durante a maior parte de 2020, os defensores da teoria do vazamento de laboratório tiveram que lutar contra as alegações de que eram xenófobos ou racistas – em parte graças à retórica antichinesa do então presidente Donald Trump, que abraçou a teoria.

    Um inquérito lançado pelo Departamento de Estado à época, que buscava investigar se o programa de armas biológicas da China poderia ter tido um papel maior na origem da pandemia em Wuhan, foi encerrado logo no início do governo Biden.

    Uma carta de especialistas em saúde pública publicada em fevereiro de 2020 no The Lancet, um influente periódico científico, também deu o tom desde o início, declarando que o vírus tem origem natural.

    Mas a teoria do vazamento de laboratório ganhou mais força com o tempo, especialmente após relatos de que a comunidade de inteligência encontrou evidências de que pesquisadores do Instituto de Virologia de Wuhan adoeceram gravemente com um vírus misterioso em novembro de 2019 – embora não esteja claro se eles contraíram o coronavírus. Nenhuma outra evidência surgiu para corroborar esse relatório.

    Em julho de 2021, altos funcionários do governo Biden, supervisionando uma revisão de inteligência sobre o assunto, acreditavam que a teoria do vazamento do laboratório era pelo menos tão confiável quanto a possibilidade de o vírus ter surgido naturalmente na natureza.

    Essa foi uma mudança dramática em relação ao ano anterior, quando os democratas subestimaram publicamente tal ideia.

    “Não é uma resposta definitiva”

    A última avaliação de inteligência foi fornecida ao Congresso, enquanto os republicanos pressionam por mais investigações e acusam o governo Biden de minimizar sua possibilidade.

    O presidente de Relações Exteriores da Câmara, Michael McCaul, disse no domingo que estava “satisfeito” com o fato de o Departamento de Energia “finalmente ter chegado à mesma conclusão a que eu já havia chegado”.

    McCaul divulgou um relatório em 2021 que concluiu que “a preponderância das evidências” mostrava que a pandemia se originou com um vazamento do laboratório de Wuhan.

    “Agora é a hora de todo o governo Biden se juntar ao Departamento de Energia, ao FBI e à maioria dos americanos, concluindo publicamente o que o bom senso nos disse no início – a pandemia de Covid-19 se originou de um vazamento de laboratório em Wuhan, China”, pontuou o republicano em um comunicado.

    Jake Sullivan, por sua vez, disse no domingo que Biden instruiu os laboratórios nacionais, que fazem parte do Departamento de Energia, a serem incluídos na avaliação.

    “No momento, não há uma resposta definitiva que tenha surgido da comunidade de inteligência sobre essa questão”, advertiu o conselheiro de segurança nacional a Dana Bash, da CNN.

    “Alguns elementos da comunidade de inteligência chegaram a conclusões de um lado, alguns do outro. Vários deles disseram que simplesmente não têm informações suficientes para ter certeza”, ressaltou.

    Então, onde isso nos deixa? Não muito longe de onde começamos.

    Pandemias anteriores surgiram da transmissão natural através de animais, e muitas vezes se leva meses ou anos para descobrir o hospedeiro pelo qual o vírus passou ao se adaptar para infectar humanos.

    Em alguns casos, como no Ebola, a fonte natural original nunca foi identificada. E já se passaram mais de 40 anos desde os primeiros casos da doença.

    Então, por que importa de onde veio a Covid-19? Como Relman, o microbiologista de Stanford, observou anteriormente à CNN, encontrar a resposta pode ajudar a prevenir a próxima pandemia.

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