Rio Grande do Sul tem terceiro ano de seca e “isso não é normal’, diz professor
Região sofreu com dois fenômenos La Niña seguidos, e redução das chuvas trazidas do norte, por conta dos desmatamentos na Amazônia, intensificam estiagem
O Rio Grande do Sul, um dos maiores produtores agrícolas do país, caminha para completar em 2023 seu terceiro ano seguido de estiagem severa. Isso é decorrência de uma sucessão de eventos climáticos que, de acordo com o professor do Instituto de Energia e Ambiente da USP (IEE-USP), Pedro Côrtes, não é normal.
“Desde meados de 2020, o Rio Grande do Sul vem enfrentando com diferentes intensidades essas estiagens e isso se deve ao fenômeno La Niña”, disse em entrevista à CNN neste sábado (25).
Um fenômeno natural e recorrente no continente, o La Ninã, explica Côrtes, é responsável por, ao mesmo tempo, causar chuvas nas regiões Norte e Nordeste, com reflexos no Sudeste – como as chuvas da semana passada no litoral de São Paulo -, e seca na região Sul.
É a frequência e a duração que, desta vez, estão chamando a atenção.
“Começamos com esse período de La Niña no segundo semestre de 2020, foi a até a metade de 2021, teve um pequeno intervalo e, depois o La Niña retornou por mais um ano e meio”, disse.
“Não é um evento normal, dois La Niñas na sequência, e isso tem castigado muito o Rio Grande do Sul e levado a perdas na safra de soja e milho pelo segundo período consecutivo em diversos casos.”
Côrtes também afirmou que o desmatamento na Amazônia é outro problema que agrava, entre outras coisas, as estiagens na região sul, já que as nuvens trazidas da região norte são uma das fontes de abastecimento das chuvas no sul.
“Está faltando chuva das duas frentes do estado: as que vêm do sul, e também as que poderiam vir da Amazônia e que têm escasseado em função do desmatamento, que reduz a umidade colocada na atmosfera pelas grandes árvores”, disse.
Veja a entrevista completa no vídeo acima.
*(sob supervisão de Letícia Brito)