Governo monta ofensiva para evitar fechamento de mercados para carne brasileira
Secretários do Ministério da Agricultura irão à China para defender condições sanitárias do produto
O Ministério da Agricultura inicia nesta quinta-feira (23) uma ofensiva para esclarecer aos principais países importadores de carne brasileira que o caso de mal da vaca louca confirmado na véspera é um incidente isolado e não há razões, do ponto de vista sanitário, para o fechamento dos mercados.
Autoridades agropecuárias de países como Estados Unidos, Chile, Egito, Emirados Árabes, Arábia Saudita, Israel, Indonésia e Filipinas devem ser procuradas nas próximas horas pelo ministro Carlos Favaro e seus auxiliares.
Favaro já determinou a ida de dois secretários do ministério a Pequim, nas próximas horas, para informar ao governo chinês que o consumo de carne bovina brasileiro é seguro, mesmo após a confirmação de um caso de mal da vaca louca no Pará.
Os secretários de Defesa Agropecuária, Carlos Goulart, e de Relações Internacionais, Roberto Perosa, estavam em viagem aos Emirados Árabes para promover uma agenda positiva — a produção de carne bovina “carbono neutro” do frigorífico Minerva — quando foram surpreendidos pela notícia.
Eles receberam a determinação de não voltar diretamente ao Brasil e embarcar para a capital chinesa.
A missão é para que esclarecimentos sejam dados in loco às autoridades do maior comprador internacional de carne brasileira. Goulart e Perosa deverão estar em Pequim quando houver a publicação dos resultados mais específicos dos exames nas amostras do bovino contaminado pela doença, que estão sendo analisados em laboratórios do Canadá.
O protocolo sanitário da China é considerado um dos mais exigentes. Por isso, a exportação para o país asiático está sendo suspensa nesta quinta-feira (23), antes mesmo dos últimos exames. No caso dos outros países, a preocupação é com a circulação de informações equivocadas sobre o rebanho brasileiro para que não influencie na comercialização.
A alegação do Ministério da Agricultura é que se trata de um caso atípico, ou seja, verificado isoladamente e sem risco de se espalhar. O animal afetado era mais velho e a doença foi originada dentro do próprio organismo do bovino, de maneira espontânea e esporádica, sem que estivesse relacionada à ingestão de alimentos contaminados ou rações proibidas.
Os esclarecimentos são prestados pelas equipes técnicas do Ministério da Agricultura e às suas similares nos outros países, além do auxílio diplomático do Itamaraty.
As exportações de carne bovina chegaram a US$ 13 bilhões em 2022, com aumento de 42% na comparação com o ano anterior, segundo dados da Associação Brasileira de Frigoríficos (Abrafrigo).
Só a China comprou quase US$ 8 bilhões do Brasil. Depois vêm Estados Unidos, Chile, Egito, Hong Kong, Filipinas, Emirados Árabes, Israel, Itália e Países Baixos.