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    Criador de metas de inflação defende ajuste no sistema, mas com controle fiscal

    Para Sérgio Werlang, o que impede Brasil de se igualar a países como Chile e México na meta de inflação é um problema estrutural fiscal

    Ligia Tuonda CNN

    Desde o final de janeiro de 2017, quando o então presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, defendeu que o Brasil estava no caminho para reduzir a meta de inflação de longo prazo, de 4,5% a 3% —patamar parecido com a de outros países emergentes—, o ex-diretor do BC Sérgio Werlang, um dos criadores do sistema de metas de inflação, vem criticando a ideia.

    Para ele, o que impede que o Brasil se iguale a países como Chile e México nesse sentido é um problema estrutural fiscal.

    “Temos um orçamento extremamente rígido do ponto de vista nominal, então existe sempre a chance de termos uma piora do problema fiscal. O Brasil gasta quase 27% do PIB com aposentadoria e folha de pagamento do funcionalismo público, enquanto Chile e México gastam de 8 a 10 pontos percentuais do PIB a menos”, disse nesta quarta-feira (15) à CNN.

    Werlang defende que, com pouco espaço no Orçamento para o governo tomar decisões de gastos não obrigatórios, o que inclui investimentos no setor produtivo, por exemplo, e uma estrutura fiscal muito mais frágil do que seus pares, a única forma de o país ganhar um pouco mais de flexibilidade financeira é num ambiente com inflação um pouco mais alta.

    “A única forma simples que existe para pequenos ajustes no Orçamento nesse cenário é estar com um pouquinho mais de inflação do que a média dos países emergentes, o que é possível com uma meta um pouco mais alta, entre 4% e 4,5%”, diz.

    Vale dizer que, em tese, num ambiente de juro menor, o que poderia ser alcançado com metas mais adequadas e um maior cuidado fiscal, na opinião do economista, o custo da dívida pública, pode ser reduzido. Da mesma forma, maior inflação permite um aumento de arrecadação federal, além de abrir espaço no teto para mais gastos, ainda que esse seja um efeito superficial. Nenhum desses efeitos, porém, exclui a necessidade de uma reforma do orçamento, na linha de pensamento de Werlang.

    O economista pondera, no entanto, que inflação mais alta não promove crescimento econômico: “Apenas permite ajustes pontuais de gastos”.

    Nesse sentido, Werlang critica o posicionamento do governo petista ao diminuir a gravidade da situação fiscal brasileira. As opiniões vêm sendo proferidas, sobretudo, pela presidente do PT, Gleisi Hoffmann, que nega a existência de uma crise fiscal no país.

    “Declarações da Gleisi causam surpresa, já que a crise fiscal é uma coisa clara, estávamos com estimativa para este ano de déficit primário em 1,1% do PIB para uma relação dívida bruta/PIB de 73,5%, mas com tendências crescentes, já em números próximos a 80% do PIB daqui a dois anos”, diz.

    “Então, dizer que não estamos com problema fiscal parece uma coisa bastante contraditória com os dados. Precisamos resolver esse problema para, no longo prazo, conseguirmos ter juros reais mais próximos da média mundial ou da média que jé tivemos. Se não consertarmos a parte fiscal estrutural do Brasil, vamos continuar com esse jogo mais tempo, como já foi dito na última ata do Copom”.

    Veja entrevista completa no vídeo acima.

     

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