Brasil ocupa 0,5% da carteira de investimentos do mundo, diz analista

A bolsa brasileira bateu recorde de recursos investidos por estrangeiros em 2022, quando não residentes aportaram R$ 100,8 bilhões em ações no mercado secundário. Esse foi o maior valor registrado desde 2016, ano em que a B3 passou a divulgar os dados.

Mesmo com o resultado positivo, o Brasil representa 0,5% da carteira de investimentos do mundo e entre 6% e 7% nas carteiras de mercados emergentes, de acordo com o analista da Constância Investimentos Gustavo Akamine.

Ele destaca que um dos principais índices considerados pelo investidor estrangeiro, no caso de países como o Brasil, é o MSCI de Mercados Emergentes (MSCI Emerging Markets.

Akamine lembra que, no início da década de 90, o país representava cerca de 25% desse índice, enquanto hoje é cerca de 5%. “As consultorias olham esses fluxos e os saldos que os investidores têm em países emergentes e notam que nós representamos apenas 0,5% das carteiras globais”.

O Brasil, no entanto, tem um importante atrativo ao mercado externo: o preço dos ativos das empresas brasileiras.

“Uma maneira bem simples de medir o quão caro ou barato estão as ações é fazer uma relação entre preço e lucro. Hoje, esse rendimento para o Brasil gira em torno de 16% e 17%. Nos Estados Unidos, esse valor cai para cerca de 5%. Nessas métricas, o Brasil está entre os países mais baratos para se investir”, avalia Akamine.

Em 2023, até o dia 6 deste mês, o saldo de investimentos estrangeiros é positivo: R$ 13,78 bilhões, segundo a B3. Com lockdown na China, guerra na Ucrânia e alta da inflação no mundo todo, outros países entraram no radar de quem investe.

“O Brasil é visto como potencial grande exportador para China no momento de reabertura, sendo um país mais neutro, não afetando tanto as relações comerciais. Isso acabou sendo interessante para o investidor estrangeiro. Assim como o próprio nível de juros, já que temos um dos juros reais mais altos do mundo”.