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    Brasileira na Turquia relata insegurança e medo de novos terremotos

    Grávida de 30 semanas, Sabrina teve de deixar seu apartamento às pressas na madrugada de segunda-feira (6): "Saímos de pijama para a rua"

    Carol Raciunasda CNN , Em São Paulo

    Pelo menos 11 mil pessoas morreram na Turquia e na Síria em decorrência do terremoto de magnitude 7,8 que atingiu a região na última segunda-feira (6). De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 23 milhões de pessoas podem ser afetadas pelo desastre.

    Uma dessas vítimas é a brasileira Sabrina, de 36 anos, especialista em empreendedorismo e gestão de negócios. Grávida de 30 semanas, ela vive na cidade de Sanliurfa, na Turquia, e relatou à CNN os primeiros momentos de tremores. Ela pediu para não ter o sobrenome revelado.

    “Quando começou o terremoto, eram 4h15 da manhã. Meu marido me acordou, me abraçou e pediu para eu ficar calma. Eu não entendi na hora, mas quando ouvi o barulho e tudo caindo, me dei conta do que estava acontecendo e vi que o roupeiro ia cair em cima da gente. Saímos correndo. Não pegamos documentos, nem nada. Saímos de pijama para a rua, mesmo com muito frio”.

    Após a fuga, ela e o marido encontraram outros parentes. Mais tarde, voltaram para casa em busca de seus passaportes e outros documentos. “Nisso, o prédio começou a balançar de novo. Foram segundos que pareceram uma eternidade”, conta.

    A brasileira relatou ainda que, há dois anos, ajudou pessoas que passaram por dificuldades após um terremoto atingir outra região: “Dormimos fora para ajudar outras pessoas, porque elas não tinham nada. Agora, eu estou passando por essa situação.”

    Ela ressalta também o sentimento de incerteza que afeta os atingidos pela tragédia. “Ver as pessoas de novo sem nada, no frio, as crianças e pessoas idosas. Tem gente que, além da casa, perdeu os parentes. As pessoas estão desesperadas”, diz.

    De acordo com dados do governo turco, dos Capacetes brancos e da mídia estatal síria, ao menos 35 mil pessoas ficaram feridas, na soma dos dois países.

    Sobre medidas de assistência, a especialista em empreendedorismo disse que a empresa em que trabalha ofereceu ajuda. Além disso, a polícia e outros órgãos foram aos locais afetados para tomar providências a partir da manhã.

    “O governo tem noção da ajuda que precisa dar. Eles estão fazendo o possível, porque há muita gente morta”, relata. Entre os que sobreviveram, o medo permanece: “Não sabemos o que vai acontecer, porque os terremotos não param. Na rua, sentimos o chão mexer.”

    Destruição pode continuar

    Para o geólogo Pedro Cortês, professor do Instituto de Energia e Ambiente da USP (IEE-USP), a incerteza quanto aos próximos dias pode ser explicada: “Além dos danos causados de imediato, ao longo das horas e dos dias subsequentes, podemos ter o colapso de edifícios, problemas com vazamento de gás, falta de energia elétrica e água potável”. Ele compara essa situação a uma zona de guerra.

    Cortês explica ainda que os terremotos ocorrem por conta das placas tectônicas, que se movem umas contra as outras. A região em que aconteceram os tremores abriga uma porção da placa eurasiana. Ela é pressionada pela placa africana, que tende a esmagá-la, e a placa árabe também pressiona do outro lado, esclarece o geólogo.

    “Chega um momento em que as rochas não conseguem mais suportar essa pressão. Neste momento, quando toda essa energia é liberada, ocorre o tremor, o terremoto. É um grande ‘fraturamento’ de rochas que nós temos em profundidade, devido à pressão que as placas exercem umas sobre as outras”, conta.

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