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    Queda do dólar é influenciada pela taxa de juros americana, dizem economistas

    Moeda dos Estados Unidos operou abaixo dos R$ 5,00, cotação mais baixo em nove meses

    Diego Mendesda CNN , São Paulo

    O dólar fechou nesta quinta-feira (2) cotado a R$ 5,04, menor cotação desde 29 de agosto de 2022 (R$ 5,03). Ao longo da sessão, chegou a cair abaixo do patamar dos R$ 5, registrado pela última vez há quase oito meses.

    Especialistas ouvidos pela CNN disseram que este cenário, além da decisão do Banco Central em manter a taxa Selic em 13,75%, se dá, principalmente, por conta do Federal Reserve (Fed, o Banco Central dos Estados Unidos) — que elevou a taxa de juros em 0,25 ponto percentual mais uma vez na faixa de 4,50% a 4,75% ao ano.

    Segundo o economista-chefe da Órama e professor Ibmec-RJ Alexandre Espirito Santo, o dólar vem enfraquecendo porque o Fed está diminuindo a intensidade do aperto monetário nos Estados Unidos e, na contra mão, o Banco Central do Brasil está acelerando.

    Fabrizio Velloni, economista-chefe da Frente Corretora, explica que essa diferença entre o juro doméstico e o internacional se mantém atrativa ao investidor que quer apostar no Brasil.

    “O mercado trabalha com a expectativa. Então, para o investidor, é atrativo optar por mercados emergentes. O cenário brasileiro, que já mostra mais controle nas finanças, aponta uma remuneração maior ao investidor. Com isso, o real se valoriza”.

    Velloni disse que a decisão da taxa de juros básicos, tanto nos Estados Unidos quanto no Brasil, vieram como o mercado esperava. Mas, a surpresa ficou por conta dos posicionamentos de ambos os presidentes dos BCs.

    “Jerome Powell demonstrou que a economia americana está sofrendo uma desaceleração, com a geração de empregos abaixo do esperado e traçando uma linha de não aumento de juros, podendo até reduzir antes da expectativa do mercado”, destacou Velloni.

    Já no Brasil, ele afirma que o cenário mudou. “Há uma preocupação com a inflação e também de não reduzir os juros neste ano ainda. Isso fez os investidores entrarem no Brasil jogando a cotação do dólar para baixo dos R$ 5,00”.

    Cenário político

    Espirito Santo disse que o cenário político, principalmente envolvendo o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, pouco influenciou na questão cambial. “Eles estão há pouco mais de um mês no governo, então, as decisões não tiveram tempo para impactar no câmbio”.

    Porém, uma das causas para a moeda americana apresentar sucessivas quedas, segundo ele, é resultado da volta do protagonismo do Brasil em relação à questão ambiental, de governança e meio ambiente.

    “O país estava muito à margem dessa questão, e meio ambiente é muito importante no mundo hoje em dia. A ministra Marina Silva é vista como alguém que defende muito esse assunto e, por conta disso, está entrando muito dinheiro e vai entrar ainda mais”, aponta.

    Velloni ressalta também, como adicional, a eleição dos presidente da Câmara e do Senado. “Ambos os eleitos demostraram preocupação e a intensão de aprovar uma reforma tributária, tão esperada pelo mercado há tantos anos”.

    É hora de comprar dólar?

    Em relação à compra da moeda americana, o economista e professor da Fundação Getulio Vargas, Joelson Sampaio, diz que depende das necessidades das pessoas. “Mas é sempre uma boa estratégia ter um planejamento para quem for precisar. O ideal é comprar e fracionar essas compras para evitar choques e negociações abruptas de câmbio”.

    Espirito Santo reforça que só vale comprar neste momento se existir um compromisso em dólar. “Se você tem uma dívida, vai estudar fora, tem que remeter para alguém da família, vale. Mas, o ideal é comprar um pouco, pois, na minha opinião, o preço justo do câmbio é em torno de R$ 4,85”.

    Sobre como pode se portar a moeda americana para os próximos dias e meses, Sampaio explica que, o que afeta o preço, é o cenário de juros nos Estados Unidos e, certamente, pode mudar com novos aumentos do Fed.

    “Isso tende a afetar o nosso câmbio também. Então, a expectativa para os próximos meses é que possa vir a ter uma depreciação, uma desvalorização, principalmente pelo aumento da taxa de juros americana”, enfatiza o professor da FGV.

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