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    Estados mantêm apoio a uma reforma tributaria, diz Eduardo Leite

    Governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, também é favorável à aprovação, mas ressalva que não concorda integralmente com o texto da PEC 45

    Fabrício JuliãoDiego Mendesda CNN , em São Paulo

    O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), disse nessa quarta-feira (1º) que apoia a reforma tributária. A declaração foi dada durante a Conferência de Investimentos na América Latina, realizada pelo banco Credit Suisse.

    Segundo Leite, os outros governadores também se mantêm no apoio à aprovação do texto. “Desejamos e trabalhamos para a reforma tributária. Agora, isso não significa que a gente possa esperar uma solução dos problemas urgentes nas receitas dos estados”.

    Leite disse que trabalhou para colocar o Rio Grande do Sul em condição de equilíbrio fiscal, mas no meio do caminho, a União alterou a forma de tributação. “Essa perda de arrecadação precisa ser recomposta urgentemente”.

    Porém, o governador destacou que as mensagens do atual governo federal, ainda são ambíguas. “A gente dá o benefício da dúvida por estar no início, mas não era para ter, era para ter certeza. A dúvida e incerteza geram riscos, e riscos são custos. Acabam tendo que ser precificados até o ponto de inviabilizar negócios”.

    “É possível fazer oposição com responsabilidade, de forma objetiva, sem colocar dúvidas sobre as intenções das pessoas”, enfatizou Leite.

    Contudo, ele disse não duvidar das intenções de Lula. “Entendo que são sinceras e honestas na direção de melhorar a vida das pessoas, mas são equivocadas na área fiscal e econômica”, acrescentou.

    PSDB

    Leite está como presidente interino do PSDB, ocupando o lugar de Bruno Araújo. Durante sua fala, ele contou que nesta noite haverá uma reunião para discutir o futuro da liderança do partido e acredita em uma oportunidade para assumir o cargo.

    Referente a uma possível candidatura à presidência em 2026, Leite que ainda não vê um candidato consistente.

    “Em 2026 eu estarei, podem contar comigo, ao lado da construção desse caminho para o país, que busque serenidade, sobriedade, mas com rumo. Não é ausência de posição, é ter convicção, saber qual é a agenda, ter propósito claro e não achar que quem pensa diferente é um inimigo a ser exterminado”, concluiu.

    Discussão da reforma tributária em São Paulo

    O governador de São Paulo, Tarcísio Gomes de Freitas (Republicanos), disse não acreditar que a adesão dos estados esteja tão madura para aprovação de uma reforma tributária rápida. “Não creio que vai ser um mar de rosas como algumas pessoas estão vendendo. O fato de a gente apoiar a reforma não significa que concordamos integralmente com o texto da PEC 45, pois tem coisas lá que a gente precisa alterar. Não vamos abrir mão do nosso papel de arrecadador”.

    Ele alegou que, no futuro, por uma simples lei complementar, pode-se alterar a lógica de distribuição ou de repartição tributária, o que pode prejudicar o interesse no estado de São Paulo.

    Mas, por outro lá, Freitas diz que pode abdicar da tributação no destino. “A gente acha que isso simplifica e tem o poder de acabar com a guerra fiscal, mesmo sabendo que São Paulo, num primeiro momento, vai perder arrecadação”.

    O texto substitui cinco tributos (PIS, Cofins, IPI, ICMS e ISS) por um imposto sobre bens e serviços e um imposto seletivo sobre cigarros e bebidas alcoólicas.

    Aumento na produção de alimentos

    O CEO da JBS, Gilberto Tomazoni, também participou do evento e falou sobre os desafios e oportunidades para a empresa. Entre os principais pontos abordados, ele destacou ser necessário maior envolvimento da sociedade para o avanço da pauta verde e afirmou que a companhia está preparada para elevar a produção de alimentos, consequência do aumento considerável da demanda mundial.

    “O Brasil tem um papel e uma responsabilidade muito importante, porque a segurança alimentar e os impactos ambientais são grandes desafios que a humanidade está enfrentando. E a JBS pode ajudar a resolver os dois problemas, aumentando a produção de alimentos e diminuindo os impactos na natureza e o desperdício”, declarou.

    Ao falar sobre as oportunidades, Tomazoni pontuou que o próprio crescimento do consumo global de alimentos, apesar de um desafio, abre portas para a JBS.

    “Até 2050, vamos ter que produzir entre 60% a 70% a mais de proteína do que nós produzimos hoje no mundo. A maior parte desse consumo virá da Ásia e da África Subsariana. Vamos ver um fluxo contínuo de consumo de proteína nesses lugares”, observou.

    “Mas falando especificamente da China, houve algo pontual, que foi a doença que ocorreu no rebanho suíno, mas já está recuperado. Então, ao meu modo de ver, a China vai voltar a ser compradora que era historicamente em relação aos suínos e aves, vai manter um fluxo de importação”, acrescentou.

    Tomazoni ainda citou que o aumento da produção de alimentos no mundo é essencial para erradicar a insegurança alimentar, e argumentou que toda a sociedade deve se mobilizar para que haja mudanças, não apenas alguns setores.

    “A revolução verde vai ser muito mais rápida e intensa do que a revolução industrial, e muitas pessoas vão ficar para trás se não forem apoiadas. Essa transformação não pode ser apenas de sustentabilidade, tem que ser social também. Não podemos esquecer que 800 milhões de pessoas não tem o suficiente de alimentação hoje em dia, isso é muito impactante e tem um papel da sociedade como um todo”, concluiu.

    ESG em foco

    O tema “ESG” foi o foco do painel com a participação de Christian Gebara (CEO da Telefônica Brasil), Cristiano Cardoso Teixeira (CEO da Klabin) e João Marques da Cruz (CEO EDP Energias do Brasil).

    Os executivos destacaram as metas que suas empresas se comprometeram e os avanços obtidos até o momento para a concretização dos objetivos.

    “Desde 2015, com o Acordo de Paris, colocamos como metas da companhia a redução de emissões e o consumo de energia renovável. Se olharmos o que aconteceu de lá até aqui, reduzimos as emissões de carbono em 86%, e ao pensarmos no escopo de consumo da energia, nós revisitamos a nossa matriz energética”, afirmou Christian Gebara, da Telefônica, que ressaltou o papel da Vivo para a realização das metas.

    Já Cristiano Teixeira, da Klabin, reforçou que a companhia de papel e celulose sequestra e estoca mais carbono do que emite durante o processo de extração das árvores, e apontou a indústria brasileira com tecnologia disponível de ponta, próxima a dos países europeus, o que facilita a geração de energia renovável e abre oportunidades.

    “Nós geramos energia a partir do licor da madeira, que depois é recuperado, gera cinzas e dela retiramos o sulfato de potássio. Com a situação da guerra na Ucrânia, por exemplo, que levou à falta de potássio para fertilizantes, utilizamos nosso processo para a mistura e composição de fertilizantes”, pontuou.

    Por fim, João Marques da Cruz, da EDP Energias do Brasil, salientou uma solução da empresa chamada “solar compartilhado”, que utiliza usinas em baixa tensão para abastecer 100 clientes por cada MW, entre eles botecos, farmácias, lojas de ruas e outros tipos de comércio, segundo ele.

    “É a democratização no sentido de ir para mais pessoas físicas de menor capacidade econômica. Eu não sou brasileiro, mas o Brasil deve se orgulhar de ser o país número 1 no mundo em geração solar descentralizada”, afirmou.

    O executivo português fez um apelo para que os consumidores passem a ditar suas preferências a partir de empresas que utilizam energias renováveis, e destacou o potencial da utilização de hidrogênio verde no Brasil.

    “Toda a indústria que queima gás é candidata a queimar hidrogênio, que ainda por cima não tem carbono. O problema é que hoje é mais caro, mas em alguns países existem subsídios. Vamos participar de um leilão sobre um projeto de exportação de hidrogênio verde para a Alemanha. Se eu pudesse dar uma sugestão, não seria má ideia que o poluidor pagasse para um fundo que financie hidrogênio verde, e não imposto”, argumentou.

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