Badalada casa de shows de NY dobra uso de reconhecimento facial para barrar advogados rivais
Medida do executivo-chefe da Madison Square Garden serve para barrar advogados que processam o grupo de frequentar eventos promovidos dentro de seus locais
O executivo-chefe da Madison Square Garden Entertainment Corporation dobrou o uso do reconhecimento facial em seus locais para impedir que advogados que processam o grupo compareçam a eventos.
Falando à Fox 5 na quinta-feira (26), o presidente executivo e CEO da empresa, James Dolan, disse que a Madison Square Garden é uma empresa privada e, portanto, tem o direito de determinar quem tem permissão para entrar em seus locais para eventos.
“Na Madison Square Garden, se você está nos processando, estamos apenas pedindo a você – por favor, não venha até terminar sua discussão conosco”, disse ele. “E sim, estamos usando o reconhecimento facial para reforçar isso”.
Seus comentários foram feitos depois que a procuradora-geral de Nova York, Letitia James, enviou na quarta-feira uma carta à Madison Square Garden Entertainment solicitando informações sobre o uso da tecnologia de reconhecimento facial para proibir que os detentores legítimos de ingressos entrem nos locais.
A carta disse que o escritório da procuradoria-geral revisou os relatórios que a empresa usou o reconhecimento facial para identificar e negar a entrada de vários advogados afiliados a escritórios de advocacia envolvidos em litígios em andamento com a empresa.
A carta indica que milhares de advogados de cerca de 90 escritórios de advocacia podem ter sido afetados pela política e disse que a proibição inclui aqueles que possuem ingressos para a temporada.
A carta da procuradora-geral levantou a preocupação de que proibir indivíduos de acessar os locais devido a litígios em andamento pode violar as leis locais, estaduais e federais de direitos humanos, incluindo leis que proíbem a retaliação. A carta também questiona se o software de reconhecimento facial usado pela Madison Square Garden Entertainment é confiável e quais salvaguardas existem para evitar preconceito e discriminação.
Em um comunicado à imprensa, James disse: “A MSG Entertainment não pode travar suas batalhas legais em suas próprias arenas. O Madison Square Garden e o Radio City Music Hall são locais de renome mundial e devem tratar todos os clientes que compraram ingressos com justiça e respeito. Qualquer pessoa com um ingresso para um evento não deve se preocupar com a possibilidade de ter sua entrada negada injustamente com base em sua aparência, e pedimos à MSG Entertainment que reverta essa política”.
A MSG Entertainment possui e opera vários locais em Nova York, incluindo Madison Square Garden, Radio City Music Hall, Hulu Theatre e Beacon Theatre. O Madison Square Garden é a casa dos times New York Knicks, Rangers, boxe profissional e basquete universitário.
Em uma declaração na quinta-feira, um porta-voz da Madison Square Garden disse à CNN: “Para ser claro, nossa política não proíbe ilegalmente ninguém de entrar em nossos locais e não é nossa intenção dissuadir os advogados de representar os queixosos em litígios contra nós. Estamos apenas excluindo uma pequena porcentagem de advogados apenas durante o litígio ativo”.
“Mais importante”, acrescentou o porta-voz, “até mesmo sugerir que alguém está sendo excluído com base nas classes protegidas identificadas nas leis estaduais e federais de direitos civis é ridículo. Nossa política nunca se aplicou a advogados que representam queixosos que alegam assédio sexual ou discriminação no emprego”.
Na entrevista para a Fox 5 na quinta-feira, Dolan disse que quando os advogados que preocessam a Madison Square Garden terminarem seu litígio, eles serão bem-vindos de volta aos locais.
“Se o seu vizinho processa você, se alguém processa você, certo, isso é confronto. É contraditório e está tudo bem, as pessoas podem processar”, disse ele. “Mas ao mesmo tempo, se você está sendo processado, né, você não precisa receber a pessoa na sua casa, certo?”.
Dolan defendeu o uso da tecnologia de reconhecimento facial, dizendo que é útil para a segurança e observando que acredita que o Madison Square Garden é um dos locais mais seguros do país.
“Basicamente, sempre que você sai em público, você está diante das câmeras”, disse ele. “Acredite em mim, você anda na rua, você está sendo filmado por câmera, você está em 10 câmeras. O que o reconhecimento facial faz é olhar, reconhece seu rosto e diz você é alguém que está nesta lista”.
Dolan afirmou que a State Liquor Authority (autoridade de bebidas alcoólicas, na tradução livre) ameaçou a licença do Madison Square Garden pelo uso de tecnologia de reconhecimento facial. A State Liquor Authority de Nova York disse à CNN que emitiu uma “carta de conselho” à Madison Square Garden, depois de receber uma reclamação em meados de novembro sobre advogados envolvidos em litígios contra a empresa que não tinham permissão para entrar em suas instalações.
“Depois de receber uma reclamação, a State Liquor Authority seguiu o procedimento padrão e emitiu uma carta de recomendação explicando a obrigação desta empresa de manter suas instalações abertas ao público, conforme exigido pela Lei de Controle de Bebidas Alcoólicas”, disse Joshua Heller, porta-voz da State Liquor Authority, à CNN.
A State Liquor Authority disse à CNN que uma investigação sobre o assunto está “em andamento”.
Durante a entrevista à Fox, Dolan aparentemente ameaçou encerrar as vendas de bebidas alcoólicas durante um próximo jogo não especificado do New York Rangers e disse que encaminharia qualquer cliente chateado à autoridade de bebidas para reclamar.
Dolan também rejeitou a sugestão de que ele estaria sendo “muito sensível”.
“O Garden tem que se defender”, disse Dolan. “Se você nos processar, certo, você sabe que vamos dizer para você não vir”.