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    Bissexuais usam cannabis com mais frequência para lidar com adversidades, diz estudo

    Pessoas que estão em grupos de minorias sexuais enfrentam estresse adicional, apontam pesquisadores

    Lucas Rochada CNN , em São Paulo

    Os jovens que se definem como bissexuais usam cannabis com mais frequência e são mais propensos a usá-la para lidar com problemas de saúde mental e para o que os pesquisadores chamam de “aprimoramento” experiencial.

    Um estudo recente realizado nos Estados Unidos examina quantitativamente os motivos para o uso de cannabis entre minorias sexuais. Liderados por psicólogos da Washington State University, os especialistas analisaram dados de pesquisa de quase 4.700 estudantes universitários de todo o país. Dos participantes, 23% foram classificados como bissexuais após indicarem que não se sentiam atraídos exclusivamente por apenas um gênero.

    “O grupo classificado como bissexual foi mais propenso a relatar o uso de cannabis para lidar com adversidades, o que é um pouco surpreendente”, disse Kyle Schofield, primeiro autor do estudo publicado na revista científica Cannabis and Cannabinoid Research. “O motivo de enfrentamento foi menos surpreendente porque também vimos que o grupo classificado como bissexual relatou níveis mais altos de todos os problemas de saúde mental que analisamos no estudo”.

    O grupo bissexual relatou níveis mais altos de transtorno por uso de cannabis, ansiedade social, ansiedade generalizada, depressão e tendências suicidas do que os grupos classificados como exclusivamente “heteros” ou “gays” – achados que estão de acordo com pesquisas anteriores.

    “Pessoas que estão em grupos de minorias sexuais não apenas enfrentam o estresse normal da vida, mas também uma coluna adicional de estresse relacionada a ser uma minoria sexual”, disse Schofield. “Para pessoas bissexuais, pode haver ainda mais tipos diferentes de estresse, uma vez que podem enfrentar discriminação de comunidades gays e heterossexuais, e estresse adicional pode levar a resultados negativos de saúde mental”, completa.

    Para os autores, os resultados do estudo podem ajudar a melhorar as intervenções de saúde mental para indivíduos bissexuais. Para este estudo, Schofield trabalhou com a professora Carrie Cuttler para analisar dados de arquivo de uma pesquisa da Addictions Research Team, que combina grupos de participantes de 10 universidades nos EUA.

    Os pesquisadores se concentraram em entrevistados com idades entre 18 e 30 anos. Eles se basearam em uma pergunta que pedia aos participantes que classificassem sua atração por gênero em uma escala, agrupando aqueles que relataram ser “principalmente heterossexuais” e “principalmente homossexuais” como bissexuais junto com aqueles que reivindicaram os dois tipos de atração. Isso resultou em 3.483 que estavam no grupo “hetero”, outros 1.081 no grupo “bissexual” e um pequeno grupo de 105 indivíduos que foram classificados como “gays”.

    Os pesquisadores usaram a “Medida de Motivos da Maconha”, que se baseia em uma métrica desenvolvida para o álcool, para avaliar cinco possíveis razões para o uso: aprimoramento, conformidade, expansão, enfrentamento e sociabilidade. Embora alguns dos motivos, como enfrentamento, tenham questões negativas associadas a eles, o aprimoramento não.

    Embora o estudo não pudesse dar uma razão para esse motivo ser tão forte no grupo bissexual, Cuttler especulou que poderia ter a relação com estar aberto a novas experiências.

    “O aprimoramento é expandir a própria consciência, ser mais aberto à experiência e mais criativo, então talvez tudo isso tenha relação”, disse Cuttler, professor assistente de psicologia e autor sênior do estudo.

    A partir desta amostra, os pesquisadores também identificaram que as pessoas no grupo bissexual não eram apenas mais propensas a relatar o uso de cannabis e usá-la com mais frequência, mas também eram mais propensas a usar todos os três tipos de cannabis listados na pesquisa: flor, comestíveis e concentrados.

    Para o pesquisador, os achados são preocupantes porque os concentrados normalmente contêm um nível mais alto de THC ou tetrahidrocanabinol, o componente psicoativo da cannabis.

    Os autores reconheceram que o estudo foi limitado pelo uso de dados de atração sexual em vez de identidade sexual, mas esperam que os resultados estimulassem novas investigações. Os autores também observaram que tinham poder limitado para detectar diferenças no grupo classificado como gay, dado o tamanho relativamente pequeno do grupo avaliado.

    “Espero que esta pesquisa ajude a instigar futuros estudos em larga escala, onde as pessoas possam se identificar como gays, bissexuais ou heterossexuais, bem como aqueles com grandes amostras de outros grupos menos estudados, como indivíduos transgêneros e não-binários”, disse Cutler.

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