“Não espere apoio para candidatura à Otan”, disse presidente da Turquia à Suécia
Tayyip Erdogan se pronunciou após protestos perto da embaixada de seu país em Estocolmo
A Suécia não deve esperar o apoio da Turquia para sua adesão à Otan depois de um protesto perto da embaixada turca em Estocolmo no fim de semana, incluindo a queima de uma cópia do Alcorão, disse o presidente Tayyip Erdogan na segunda-feira (23).
“Aqueles que permitem tal blasfêmia na frente de nossa embaixada não podem mais esperar nosso apoio para sua adesão à Otan”, disse Erdogan em um discurso após uma reunião do gabinete.
“Se você ama tanto os membros de organizações terroristas e inimigos do Islã e os protege, aconselhamos que busque o apoio deles para a segurança de seus países”, disse.
O ministro das Relações Exteriores da Suécia, Tobias Billstrom, se recusou a comentar imediatamente os comentários de Erdogan, dizendo à Reuters em um comunicado por escrito que queria entender exatamente o que havia sido dito.
“Mas a Suécia respeitará o acordo que existe entre Suécia, Finlândia e Turquia em relação à nossa adesão à Otan”, acrescentou.
A Suécia e a Finlândia se inscreveram no ano passado para ingressar na Otan após a invasão da Ucrânia pela Rússia, mas todos os 30 estados membros devem aprovar suas propostas.
A Turquia disse anteriormente que a Suécia, em particular, deve primeiro assumir uma postura mais clara contra o que vê como terroristas, principalmente militantes curdos e um grupo que culpa por uma tentativa de golpe de 2016 na Turquia.
O porta-voz do Departamento de Estado dos Estados Unidos, Ned Price, disse que a Finlândia e a Suécia estão prontas para se juntar à aliança, mas se recusou a comentar se Washington acha que os comentários de Erdogan significam um fechamento definitivo da porta para eles.
“Em última análise, esta é uma decisão e um consenso que a Finlândia e a Suécia terão que alcançar com a Turquia”, disse Price.
Price disse aos repórteres que queimar livros que são sagrados para muitos é um ato profundamente desrespeitoso, acrescentando que os EUA estão cientes de que aqueles que podem estar por trás do que aconteceu na Suécia podem estar intencionalmente tentando enfraquecer a unidade do outro lado do Atlântico e entre os aliados europeus de Washington.
“Temos um ditado neste país – algo pode ser legal, mas terrível. Acho que, neste caso, o que vimos no contexto da Suécia se enquadra nessa categoria”, disse Price.
A queima do Alcorão foi realizada por Rasmus Paludan, líder do partido político de extrema-direita dinamarquês Hard Line.
Paludan, que também tem cidadania sueca, realizou uma série de manifestações no passado em que queimou o Alcorão.
Vários países árabes, incluindo Arábia Saudita, Jordânia e Kuwait, denunciaram o evento.
A Turquia já havia convocado o embaixador da Suécia e cancelado uma visita planejada do ministro da Defesa sueco a Ancara.