Ibovespa fecha em baixa puxada por bancos; dólar recua a R$ 5,20
Em primeiro pregão sem Americanas no índice, mercado operou de olho no anúncio sobre planos de moeda comum entre Brasil e Argentina
O Ibovespa fechou em baixa de 0,27% nesta segunda-feira (23), aos 111.737,28 pontos, puxado pela queda relevante de papéis de bancos, com Bradesco liderando o campo negativo ao recuar 4%, enquanto a alta de Petrobras – 2,31% ON e 1,59% PN – atenuou a pressão de baixa.
Via (+8,37%) e Magazine Luiza (+5,76%) foram destaque na ponta positiva, no primeiro pregão após a exclusão de Americanas, em recuperação judicial, dos índices de ações da B3.
O dólar fechou nesta segunda-feira em queda de 0,18%, cotado a R$ 5,199, após três altas seguidas e alinhado com o desempenho frente aos pares emergentes da divisa brasileira, enquanto, no campo doméstico, ruídos sobre uma moeda comum envolvendo Brasil e Argentina ficaram no radar.
A semana começou com o mercado financeiro acompanhando de perto a viagem de Lula à Argentina e às expectativas maiores sobre inflação neste ano e próximo.
Ninguém quer criar um euro latino, disseram interlocutores de Fernando Haddad à analista de economia da CNN Thais Herédia.
A proposta, segundo fontes ouvidas pela analista de economia da CNN Raquel Landim e Tainá Falcão, começa pela criação de um mecanismo para financiar importadores argentinos com garantias reais, com contratos de vendas de commodities ou ativos que tenham liquidez e preço formados no mercado internacional.
A contrapartida que deve ser exigida pelo Brasil são contratos, recebíveis, por venda, por exemplo, de gás natural que os argentinos façam. Eles são grandes exportadores dessa commodity.
O governo quer que bancos brasileiros públicos e privados façam essa operação, e com garantia do Tesouro Nacional, usando recursos do Fundo Garantidor à exportação que o Brasil já tem.
O Brasil perdeu para a China o posto de maior exportador para a Argentina há dois anos. Além disso, os chineses fazem o financiamento direto aos importadores. O Brasil quer, portanto, criar um mecanismo parecido com isso para tentar recuperar esse espaço.
Desancoragem de expectativas
O Banco Central publicou nesta manhã o Boletim Focus dessa semana. No relatório, houve um aumento relevante na expectativa para o IPCA de 2023 e 2024.
Para o ano que vem, o número se descolou ainda mais do centro da meta, que é de 3%. Portanto, não dá mais para negar que há uma desancoragem das expectativas para inflação entre os agentes econômicos.
Segundo a pesquisa, o IPCA deve encerrar o ano de 2023 em 5,48%, frente aos 5,39% previstos na semana anterior. Para 2024, a projeção do IPCA também é de alta e deve ser de 3,84%, enquanto na semana anterior a previsão era de 3,70%
Em função dessa desancoragem, sobe também a previsão para a Selic em 2024 e 2025. Aqui, vale ressaltar que há uma visão de que o BC vai precisar lidar com uma oposição do presidente Lula sobre sua independência e ao próprio regime de metas para inflação, conforme falar recentes do presidente.
*Com informações de Thais Herédia, da CNN, e Reuters / publicado por Ligia Tuon e Ana Carolina Nunes