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    Comissão de formatura da USP responsabiliza empresa por desvio de quase R$ 1 milhão

    Em documento obtido pela CNN, a comissão argumenta que as transferências feitas em nome de Alícia Dudy Müller Veiga são contrárias ao estabelecido em contrato

    Guilherme Gamada CNN , em São Paulo

    Em documento obtido com exclusividade pela CNN, a Comissão de Formatura dos estudantes da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP) argumenta que as transferências feitas em nome da então presidente da comissão, Alícia Dudy Müller Veiga, são contrárias ao estabelecido em contrato com a empresa responsável pela administração dos fundos arrecadados ao longo de quatro anos.

    “Temos tranquilidade em afirmar que existe responsabilidade da empresa contratada nas transferências feitas em conta pessoa física, ao contrário do estabelecido em contrato”, declaram.

    Em nota, a empresa havia informado, que todas as transferências para a presidente da comissão foram comunicadas à Comissão de Formatura – que conta com 20 alunos – por meio de relatório gerencial e mensagens enviadas via e-mails e grupo de WhatsApp reunindo a comissão e a empresa.

    O documento de esclarecimento da Comissão enviado em resposta à empresa, afirma que o único relatório enviado no grupo de WhatsApp é uma planilha datada de agosto de 2022 e encaminhada no meio de uma discussão no meio da tarde entre Alícia e os representantes da empresa, quando já havia sido transferido o valor total de R$ 750 mil para contas pessoais da ex-presidente. “Nas mensagens escritas não há nenhuma menção aos valores transferidos para contas da sra. Alícia”, completam.

    Os formando destacam fotos do contrato, no qual consta que os repasses dos valores arrecadados deveriam ocorrer para a contratante, que, segundo eles, não era Alicia, pessoa física, e sim a Associação da Comissão de Formatura, pessoa jurídica em constituição. “Portanto, é evidente que a empresa não cumpre com a verdade quando diz que cumpriu corretamente o contrato”, completam.

    Em resposta à CNN, a empresa afirma que o contrato prevê a necessidade da criação de uma Associação, que seria a pessoa jurídica a representar a Comissão de Formatura. No entanto, apesar de o contrato ter sido assinado em agosto de 2019, até o início do presente ano a Associação jamais foi criada.

    “A cláusula 1.7 do contrato prevê a possibilidade de ser definida uma conta pela Comissão de Formatura para a realização dos repasses (devolução dos valores), podendo ser esta conta de titularidade da Associação a ser criada, ou de terceiros.”

    A empresa rebate a alegação da Comissão de Formatura de que “não teria conhecimento das transferências” ao apresentar um e-mail no dia 17 de novembro de 2021, no qual Alicia informa a conta corrente em seu nome como destino dos valores arrecadados, somados aos investimentos. A primeira transferência, no valor de R$ 604 mil, teria acontecido em novembro de 2021.

    “Apesar de o e-mail da própria Comissão de Formatura estar copiado na mensagem, a empresa, para confirmar a solicitação e zelando pela ciência de todos, encaminhou mensagem no mesmo dia para o grupo de WhatsApp em que todos os integrantes da Comissão de Formatura participavam, questionamento sobre o pedido de transferência dos valores.”

    A empresa alega confirmação de leitura de todos os integrantes do grupo, que são exatamente os integrantes da Comissão de Formatura, sem oposição ao pedido de transferência. “Existe, inclusive, reunião gravada entre a Presidente da Comissão de Formatura e representantes da empresa contratada, disponibilizada a todos os integrantes da Comissão de Formatura, dando detalhes das transferências já realizadas, bem como estabelecendo providências para as próximas transferências”.

    A comissão mostra através de prints que a empresa informa uma plataforma que seria atualizada em tempo real com o valor arrecadado. De acordo com as capturas de imagem da plataforma, até o momento consta o valor de 940 mil, sem saída de valores.

    ÁS Formaturas foi notificada novamente pelo Procon-SP, após, segundo o órgão, não responder adequadamente aos questionamentos. A empresa pediu para prestar as informações pessoalmente. A reunião acontecerá na próxima segunda-feira (23). “Caso a empresa não tenha zelado pelo patrimônio dos consumidores, ou seja, não tenha feito a guarda dos valores de modo adequado, ela poderá responder a processo administrativo”, afirma o Procon-SP.

    Em entrevista à CNN, no último domingo (15), a atual presidente da comissão de formatura, Gabriela Sarti, afirmou que não descarta a possibilidade de que Alícia tenha contado com ajuda interna da empresa para realizar o repasse do dinheiro para sua conta pessoal, segundo ela, fora dos protocolos. Procurada novamente, não retornou contato.

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