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    Americanas deixa de pagar debêntures, mas é cedo para falar de calote, dizem especialistas

    Anúncio é um sinal preocupante de um possível calote em seus credores, mas ainda é cedo para dizer que a empresa já se encontra nesse estágio de inadimplência, dizem especialistas ouvidos pela CNN.

    Americanas: empresa conseguiu na Justiça, no fim da semana passada, proteção contra credores que queiram antecipar o pagamento de dívidas durante 30 dias
    Americanas: empresa conseguiu na Justiça, no fim da semana passada, proteção contra credores que queiram antecipar o pagamento de dívidas durante 30 dias Foto: KEVIN DAVID/A7 PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO

    Thais HerédiaMateus Apudda CNN

    Após detectar um rombo bilionário em seu balanço e entrar em conflito com seus principais credores, a Americanas deixou de pagar na véspera juros remuneratórios da 17ª emissão de debêntures da companhia, conforme fato relevante publicado pela companhia nesta terça-feira (17) em resposta a questionamentos da Comissão de Valores Mobiliários (CVM).

    O anúncio é um sinal preocupante de um possível calote em seus credores, mas ainda é cedo para dizer que a empresa já se encontra nesse estágio de inadimplência, dizem especialistas ouvidos pela CNN.

    “(O valor, não pago aos debenturistas na véspera) ainda pode ser renegociado, dependendo das cláusulas do contrato, então, é um mau sinal, mas não é o fim”, diz Daniela Bretthauer, head of research da BGC Liquidez.

    O não pagamento dos juros das debêntures pode ser o menor dos problemas da Americanas agora. “A companhia está com muito problema, pois tende a lidar agora com a resistência de fornecedores, que passam a não querer mai fornecer ou exigir pagamentos a vista, principalmente os grandes. É gatilho também de outras coisas, como aluguel que pode atrasar, cláusulas de dívida etc”, diz.

    Vale ressaltar que a empresa conseguiu na Justiça, no fim da semana passada, proteção contra credores que queiram antecipar o pagamento de dívidas durante 30 dias corridos. Nesse período, a varejista terá que apresentar uma solução para os eu problema aos credores e tentar negociar suas dívidas.

    “Não podemos afirmar que a Americanas já começou a dar calote, porque ainda não sabemos o que vai ser desenrolado nesses próximos 30 dias entre a empresa e seus credores. Durante esse prazo ou depois dele, dependendo do que a empresa anunciar para o mercado, podemos começar a ter uma ideia mais aprofundada do que pode acontecer, se o que é devido será pago posteriormente”, diz Victor Bueno, analista de Small Caps da Nord Research.

    No início dessa semana, a Americanas teve a avaliação de risco da agência de classificação Standard & Poor’s rebaixada para “calote”. Foi a primeira agência a classificar a varejista em situação de não pagamento, o chamado “default”. E outras, como a Fitch Ratings e a Moody’s, também devem seguir o mesmo caminho.

    “Acredito que a principal sinalização para esse calote é o pagamento dos principais credores, bancos e instituições financeiras, porque aí acaba se tornando uma situação mais delicada. Ainda mais se a empresa confirmar sua recuperação judicial”, diz Bueno.

    Os bancos estão na linha de frente dessa briga, tentando derrubar a liminar que protege a gigante varejista de credores por 30 dias. O BTG Pactual foi o primeiro a tomar uma ação na Justiça e teve seu pedido negado, enquanto outras instituições, expostas ao risco da Americanas, se perguntam qual será, afinal, o tamanho dessa fatura, ainda mais ao considerar a possibilidade de recuperação judicial.

    Procurada, a Americanas disse que não vai comentar e que sua comunicação sobre o tema pode ser conferida no fato relevante divulgado para à CVM.

    *Publicado por Ligia Tuon