Combates continuam na Ucrânia apesar de cessar-fogo anunciado pela Rússia
A trégua foi rejeitada por Kiev e Washington, que a classificaram como uma manobra cínica de Moscou
Um dia após o presidente russo, Vladimir Putin, anunciar um cessar-fogo de 36 horas, a CNN observou movimentação de artilharia ao redor da cidade de Bakhmut, no leste da Ucrânia.
O território ucraniano está sob ataque russo desde fevereiro de 2022. Na vidada do Ano Novo a Rússia lançou mais de 20 mísseis e, neste início de ano, mandou mais um sinal para o Ocidente de que não vai recuar da guerra.
A trégua deveria iniciar ao meia-dia (horário de Moscou) desta sexta-feira (6) e duraria até a meia-noite de sábado (7).
O cessar-fogo foi rejeitado por Kiev e Washington como uma manobra cínica, com o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky acusando Moscou de tentar usar o feriado ortodoxo de Natal como “cobertura” para reabastecer e impedir os avanços ucranianos na região leste de Donbass.
O presidente russo mandou uma fragata armada com a nova geração de mísseis hipersônicos para o Oceano Atlântico.
Rússia, Estados Unidos e China estão em uma corrida pelo desenvolvimento dessas armas, vistas como uma vantagem pela velocidade: cinco vezes mais rápidas do que o som.
No anúncio, Putin disse ter certeza de que armas poderosas como essa podem proteger a Rússia de possíveis ameaças externas.
As sirenes na capital ucraniana Kiev soaram nesta manhã, segundo as equipes da CNN no país.
Ucrânia recusar cessar-fogo russo é ato simbólico de força, diz professora
O anúncio russo de cessar-fogo na Ucrânia durante o Natal ortodoxo, comemorado nos dias 6 e 8 de janeiro, foi rejeitado pelo presidente ucraniano Volodymyr Zelensky.
Na avaliação da professora de Relações Internacionais da Universidade de Sergipe Barbara Motta, “qualquer aceitação de um cessar-fogo pode ser encarada como fraqueza ou mesmo subserviência.”
“A recusa não só tem ato simbólico de se demonstrar forte perante a Vladimir Putin, mas é simbólico do afastamento da Ucrânia de elementos culturais da Europa Oriental”, explicou.
A especialista lembra que a fé ortodoxa é um desses elementos e que um dos estopins do conflito foi justamente a aproximação ucraniana do Ocidente.
Barbara destaca que o momento atual da guerra é de estagnação, “o que vemos hoje é uma guerra de atrito, com pequenos avanços de parte a parte e pouca perspectiva de fim.”
De acordo com a professora, “se a Ucrânia resistir ao inverno, tem condições de mais fôlego para que alguma coisa mude no teatro de operações, para pender a balança para um dos lados”.
*(Com informações de Amanda Garcia e Bruna Sales, da CNN, em São Paulo)