Ações da Petrobras sofrem cortes de recomendação em meio a incertezas
Risco de interferência política inverteu a posição de fundos e corretoras sobre compra e valor das ações
Mesmo após as declarações recentes do escolhido de Lula para assumir a Petrobras, o senador Jean Paul Prates, de que a nova gestão da estatal não vai interferir na política de preços, as incertezas sobre o futuro da empresa ainda pairam sobre o mercado financeiro.
Há um ano, bancos e corretoras estão cortando a recomendação de compra de ações da estatal. Desde seu pico histórico, em 21 de outubro do ano passado, os papéis da Petrobras (PETR4) caíram quase 40% na bolsa brasileira.
Nos meses de janeiro e fevereiro de 2022, a empresa recebeu duas recomendações de compra – com ótima perspectiva de retorno – oito recomendações de compra e apenas uma recomendação neutra. Ao longo do ano, o cenário foi mudando, com aumento de recomendações neutras.
Até que, a partir de setembro, a Petrobras já não tinha mais nenhuma recomendação de compra. De novembro até o presente mês, a empresa passou a ter, inclusive, recomendação de venda de ações. Os dados foram coletados na agência Reuters e estão ilustrados no gráfico abaixo:
O preço-alvo é o valor potencial estimado de uma ação até o final do ano corrente. O preço-alvo médio das ações da Petrobras, segundo as recomendações analisadas no levantamento, é de R$ 34,16. Como na quarta-feira os papéis da empresa fecharam o pregão negociados a R$ 23,05, eles precisariam valorizar 48,21% até o final de 2023 para alcançar o valor médio almejado.
O diretor de gestão de investimentos da Nova Futura Asset, Pedro Paulo Silveira, explica que a forma básica de fazer avaliação de preço de ações de uma empresa é tentar estimar o fluxo de caixa que ela vai trazer para os acionistas – os dividendos – e descontar uma taxa de juros, chamada de taxa de desconto.
“Se a minha expectativa em relação ao retorno futuro da empresa cair ou subir, isso implica, imediatamente, em mudança de preço das ações. Da mesma forma ocorre com a taxa de desconto, relacionada ao risco que essa empresa está inserida”, avalia o economista.
Em relação à Petrobras, Pedro Paulo Silveira conta que o ambiente atual é de grande instabilidade devido a dois fatores em particular:
1) à transição de governo no Brasil, com mudança em diversas estruturas de poder, inclusive na governança da estatal; 2) ao cenário internacional, com Guerra na Ucrânia e recuperação da economia chinesa. Ele avalia que esse cenário de incerteza deve se perpetuar enquanto a situação da Petrobras não estiver clara.