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    Racha entre Republicanos dificulta eleição para presidência da Câmara dos EUA

    Líder da bancada majoritária, o republicano Kevin McCarthy, não conseguiu se eleger presidente da Casa após seis votações

    Lourival Sant'Annada CNN , Em São Paulo

    Pela primeira vez na história dos Estados Unidos, o líder da bancada majoritária, o republicano Kevin McCarthy, não conseguiu se eleger presidente da Câmara dos Deputados, depois de seis votações ao longo de dois dias.

    Vinte deputados da Bancada da Liberdade, formada por ultraconservadores, votaram em outros candidatos, causando um impasse que paralisou os trabalhos da Câmara.

    A sessão foi suspensa novamente até o meio-dia desta quinta-feira (5), no horário de Washington, enquanto McCarthy e seus aliados negociam com os rebeldes.

    Ao longo das semanas que se seguiram às eleições de 8 de novembro, McCarthy já havia feito concessões ao grupo, que se revelou insaciável, já que sem os seus votos o líder não se elege presidente: ele precisa de 218 votos, no universo de 434 cadeiras da Câmara, 222 delas ocupadas por republicanos.

    McCarthy, por exemplo, aceitou que cinco deputados possam apresentar uma moção para colocar em votação a destituição do presidente da Câmara. Originalmente o grupo exigia que um deputado fosse suficiente.

    Ele também aceitou que a Câmara possa bloquear a destinação de verbas para o governo federal –atualmente na mão dos democratas– para suspender programas, demitir e reduzir o salário de servidores.

    Outras exigências não foram aceitas. A bancada conservadora queria excluir o PAC, o principal comitê de arrecadação e financiamento de campanhas do Partido  Republicano, da destinação de verbas para pré-candidatos das primárias.

    Isso porque McCarthy, que controla o comitê, tem financiado campanhas de pré-candidatos moderados, em detrimento dos trumpistas, que a bancada representa.

    Eles também queriam mudar a regra da Câmara para exigir que o Orçamento da União seja aprovado por dois terços, em vez de maioria simples; queriam limitar os mandatos dos deputados; e garantias de verbas para reforçar a fronteira sudoeste com o México.

    Não adiantou nem mesmo um apelo do ex-presidente Donald Trump, que lidera os radicais, depois de conversar com McCarthy: “Conversas muito boas ocorreram ontem [terça-feira] à noite, e agora é hora de nossos grandes membros republicanos da Câmara votarem para Kevin, encerrar a questão, assumir a vitória”, escreveu o ex-presidente na manhã desta quarta-feira em sua rede social, Truth Social.

    “Republicanos, não transformem um grande triunfo em uma derrota gigantesca e constrangedora”, acrescentou, referindo-se às eleições de novembro, que deram maioria ao partido na Câmara.

    Em entrevistas à CNN, representantes da bancada rebelde disseram que exigem mais transparência na votação do Orçamento. Dez anos atrás, as propostas de Orçamento eram apresentadas por cada comitê. Desde então, são apresentadas em pacotes, chamados de ônibus, o que segundo eles reduz a transparência do processo.

    Eleições de presidentes da Câmara costumam ser simples nos Estados Unidos: a bancada majoritária elege o presidente, e a minoritária, o líder da oposição. Foi o que fizeram os democratas, que elegeram Hakeem Jeffries o primeiro líder negro da bancada, por unanimidade: 212 votos.

    A única vez na história em que o presidente não foi eleito na primeira votação foi em 1923. Mas foi na segunda. Seis rodadas sem solução é a primeira vez.

    Duas soluções possíveis eram discutidas na noite desta quarta-feira: um candidato de consenso do Partido Republicano, ou um acordo entre moderados republicanos e a bancada democrata.

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