Mercadante anuncia nova diretoria do BNDES: “Não vamos trazer BNDES do passado”
Futuro presidente do banco de desenvolvimento disse que foco será reindustrialização do país e nas micro e pequenas empresas
Aloizio Mercadante, indicado pelo presidente eleito Lula (PT) para assumir o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) a partir de 2023, anunciou na tarde desta quarta-feira (21) os nomes da nova diretoria do banco, incluindo pessoas do mercado de capitais e ex-integrantes de governos passados do PT.
Seriam:
- Alexandre Abreu – ex-diretor do Banco do brasil e ex-presidente do Banco Original, vai ocupar a diretoria financeira.
- José Luis Gordon – ex-presidente da Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação (Embrapii), fica com a diretoria de Inovações
- Natalia Dias – presidente do Standard Bank Brasil, vai para a diretoria de Mercado de Capitais
- Luciana Costa – Economia Verde
- Tereza Campello – ex-ministra do Desenvolvimento Social e Combate à Fome durante o governo de Dilma Rousseff e uma das criadoras do Bolsa Família, assumirá a área Social
- Nelson Barbosa – diretoria de Planejamento
“É uma equipe de alto nível, gente do mercado, do sistema financeiro, com experiência em administração pública para abrir caminho para que o BNDES impulsione a indústria brasileira. O Brasil precisa reindustrializar. A carteira da indústria do BNDES era de 43%, hoje é 16%. O Brasil sem indústria não gera emprego nem inovação”, disse Mercadante à imprensa.
“O setor de papel e celulose e energia eólica se desenvolveu ali [BNDES]. Não teríamos aeronáutica sem o BNDES. Estamos construindo um novo BNDES. Não vamos trazer o BNDES do passado, nós estamos construindo o BNDES do futuro. Não tem espaço fiscal no orçamento, temos que buscar novas fontes de financiamento. Tem muitos recursos lá fora”, afirmou.
Mercadante destacou ainda que banco deve também focar nas micro e pequenas empresas. “Vamos ter olhar especial para as MPEs, que representam 29% do PIB. Na Itália elas são 65%, na Alemanha, 70%. Precisamos dobrar esse peso no Brasil. O BNDES não tem que só olhar para as grandes empresas. Temos que democratizar o crédito, gerar empregos e desenvolvimento.”
Sobre a reação do mercado ao seu nome, Mercadante disse que tem agora “três tradutores”, que são CEOs de banco, para “ajudar no diálogo e na interpretação entre Brasília e a Faria Lima”. “Temos os mesmos interesses para o país, mas de lugares diferentes. Queremos gerar emprego, economia verde, reindustrializar o país e eles querem resultados nos seus fundos. Temos que encontrar um caminho de preservar o espaço da iniciativa privada, estruturação do mercado de capitais, que é muito importante.”
Aluizio Mercadante afirmou que no mundo são 525 bancos públicos de desenvolvimento, com US$ 18,7 trilhões da economia mundo, sendo que 10% dos investimentos do mundo vêm de bancos de desenvolvimento, disse. “Temos um banco público que é só 5% de investimento. Então temos espaço para melhorar, mas não contra a inciativa privada, não prejudicando, complementando e fortalecendo o Brasil e a capacidade de investimento.
*com informações de Reuters