Morre Nélida Piñon, primeira mulher a presidir a Academia Brasileira de Letras
Escritora carioca publicou 23 livros, editados em mais de 30 países, ao longo de 60 anos de carreira
Morreu neste sábado (17), em Lisboa, aos 85 anos, a acadêmica e escritora carioca descendente de galegos Nélida Piñon.
Autora de diversos romances, contos, crônicas e ensaios publicados em seus mais de 60 anos de carreira literária, Nélida foi, também, a primeira mulher a assumir a presidência da Academia Brasileira de Letras (ABL), posto que ocupou em 1996, ano do centenário da academia, e em 1997.
Seu falecimento foi confirmada pela Academia, que, em nota publicada nesta tarde, classificou Nélida como “uma das maiores representantes da literatura brasileira”. A causa da morte, de acordo com o comunicado, não foi confirmada.
O enterro será no mausoléu da ABL e a entidade anunciou que fará uma Sessão da Saudade em 2 de março, no Salão Nobre, em homenagem à autora.
“Nélida Piñon, em lágrimas, eu me despeço. Não tenho palavras”, escreveu, em seu perfil no Twitter, o escritor, professor e ex-presidente da ABL Marco Lucchesi.
Nélida Piñon foi eleita para a ABL em 1989 e ocupou, desde sua posse em 1990, a 30ª cadeira da instituição, herdada de Aurélio Buarque de Holanda.
Entre suas obras, estão sua primeira novela, “Guia-mapa de Gabriel Arcanjo”, de 1961, os livros de contos “Tempo das frutas” e “Sala de Armas”, além de “A República dos Sonhos”, “A Doce Canção de Caetana” e “O Calor das Coisas”.
Foram 23 livros no total – o último deles, “Filhos da América”, de 2016 -, editados em mais de 30 países, de acordo com as informações da Academia.
Nélida nasceu em 3 de maio de 1937, na cidade do Rio de Janeiro, e se formou em jornalismo em 1956 pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio).
Colaborou, também, para vários jornais e revistas literários, incluindo os anos em que foi correspondente, no Brasil, da revista Mundo Nuevo, publicação dedicada à literatura latino-americana e editada na França nos anos de 1960, e a passagem como editora assistente de Cadernos Brasileiros.
Repercussão
Diversas personalidades se manifestaram nas redes sociais sobre a morte de Nélida Piñon. Veja a seguir a repercussão:
Margareth Menezes
Profundamente sentida com a partida de Nélida Piñon, primeira mulher a presidir a Academia Brasileira de Letras. O país perde uma de suas maiores escritoras. Tenho certeza que seu legado seguirá conosco, vivo em suas obras. Meu abraço aos amigos e familiares.
Secretaria de Cultura e Economia Criativa de São Paulo
Lamentamos profundamente a morte da jornalista, romancista, contista e professora Nélida Piñon, aos 85 anos, a causa da morte não foi divulgada.
Maria do Rosário, deputada federal
A literatura perde hoje uma de suas maiores representantes. Nélida Piñon, primeira mulher a presidir a Academia Brasileira de Letras. Deixa imenso legado.
Nélida Piñon rompeu 100 anos de presidência masculina da Academia Brasileira de Letras, indicada para o Prêmio Nobel de Literatura, com obra traduzida em mais de 30 países. Imortal.
Monica Grayley, editora-chefe da ONU News
Muito triste a notícia do falecimento da grande escritora Nélida Piñon, primeira mulherar a liderar a Academia Brasileira de Letras. Meus profundos sentimentos à família.
Eliziane Gama, senadora e líder da Bancada Feminina
Triste por saber da morte de Nélida Piñon. Escritora revolucionária que lutava pelos direitos das mulheres e foi a primeira a ocupar a presidência da Academia Brasileira de Letras. Meus sentimentos à família, aos amigos, aos colegas de profissão e a todos os seus leitores.