Mercado atinge maior nível de pessimismo com Bolsa desde recessão de 2015/2016
Posições vendidas na bolsa, quando investidores apostam na queda das ações, atingiram maior patamar em cinco anos
Investidores não pareciam tão pessimistas com a Bolsa de Valores brasileira desde a recessão pela qual o país passou nos anos de 2015 e 2016, conforme o valor de posições vendidas na B3 nesta quinta-feira (15).
Dados da Bolsa mostram que esse número atingiu mais de duas vezes o valor somado de todas as ações listadas, o maior patamar dos últimos cinco anos. O índice que relaciona o valor negociado em aberto com o das empresas listadas chegou a 2,231 na véspera. A média dos últimos cinco anos é de 1,172.
“Desde a recessão (de 2015 e 2016), o mercado não se mostra tão pessimista com a bolsa, e isso piorou no segundo semestre de 2022 por conta da eleição e, mais recentemente, com as últimas movimentações da equipe de transição do governo eleito”, diz Flávio Conde, analista de ações da Levante Ideias de Investimentos.
O especialista explica que em 2017, passada a recessão, as ações estavam valendo muito pouco, por isso a aposta geral no mercado era de que não havia mais espaço para cair, já que caiu muito no período de crise.
A posição vendida é uma estratégia de investidores para lucrar com a queda de preço de uma ação. Um movimento relevante nesse sentido, como o de agora, mostra uma preocupação acima do normal do mercado com o futuro.
“Investidores estão atrás de posições de vendas, porque estão preocupados, nem começou o governo e a gente já teve bastante sinais de alerta. Durante a eleição, existia uma dúvida se a gente teria um governo Lula mais parecido com Lula 1 ou com o governo Dilma, e os primeiros sinais foram bem mais parecidos com a Dilma”, diz Gustavo Cruz economista e estrategista da RB Investimentos.
“Haddad prometeu uma equipe plural, mas não é isso que está aparecendo, só tem falado em nomes desenvolvimentistas, com exceção do Bernard Appy. Além disso, o Flávio Dino disse essa semana em mudar a lei de leniência, tivemos ameaça de influência das estatais, poderia continuar listando elementos que, juntos, estão provocando um sentimento maior de risco no Brasil”, diz.