Wall Street fecha em queda com preocupação sobre Fed agressivo
Banco central dos EUA, além de aumentar os juros, indicou que economia do país mal crescerá em 2023
Faltam apenas 10 dias para o Natal, e os investidores que esperam uma manifestação do Papai Noel encontraram pouca alegria natalina em Wall Street este mês – especialmente nesta quinta-feira (15).
O Dow caiu quase 765 pontos, ou 2,3% hoje, e 4% em dezembro, após ganhos sólidos nos dois meses anteriores. A Verizon foi a única das 30 ações da Dow em território positivo.
O S&P 500 caiu 2,5% e o Nasdaq caiu 3,2% hoje. No mês, o S&P 500 recuou 4,5%, enquanto o Nasdaq quase 6%.
As ações estavam caindo na quinta-feira, com os investidores ainda preocupados com as últimas previsões econômicas do Federal Reserve. O Fed aumentou as taxas em “apenas” meio ponto na quarta-feira, como esperado.
O Banco da Inglaterra e o Banco Central Europeu seguiram o exemplo na manhã de quinta-feira com aumentos de meio ponto por conta própria.
Mas o Fed também indicou que antecipa que a economia dos EUA mal crescerá em 2023. As novas previsões do Fed também apontam para um salto maior na taxa de desemprego, um aumento maior nos preços ao consumidor e taxas de juros mais altas do que o esperado em setembro.
Não ajudou o fato de o Departamento de Comércio ter relatado nesta quinta uma queda muito maior nas vendas no varejo em novembro do que o esperado. Tudo isso levou alguns a se preocuparem com o temido cenário de estagflação de crescimento estagnado e inflação persistente. Como resultado, as ações podem estar em um período difícil.
“Este não é um dia de compra. 2022 não foi um ano de comprar o mergulho. Se você fez isso, perdeu dinheiro”, disse Judith Lu, CEO da Blue Zone Wealth Advisors. “A inflação está muito alta e o Fed tem um trabalho monstruoso tentando controlá-la.”
Lu disse que acha que as ações estão supervalorizadas no momento, já que os analistas esperam que os lucros cresçam apenas cerca de 5% em 2023. Essas projeções provavelmente são “pensamento positivo” e “ambiciosas demais”, acrescentou ela.
Claro, os temores de desaceleração podem não se tornar realidade. A economia pode evitar uma recessão e as pressões inflacionárias podem acabar esfriando mais rápido do que o esperado. Mas, pelo menos, a volatilidade do mercado pode estar de volta no futuro previsível.
Os investidores estão preocupados que o Fed (e talvez outros bancos centrais globais) também continue a agir, embora já haja evidências de que os consumidores estão começando a sentir um golpe duplo com preços e taxas de juros mais altos. De sua parte, o mercado de trabalho continua em bases sólidas: os pedidos semanais de auxílio-desemprego atingiram o nível mais baixo desde setembro.
Os economistas da Jefferies Aneta Markowska e Thomas Simons parafrasearam T.S. Eliot em um relatório sobre os números das vendas no varejo na quinta-feira, dizendo que “a temporada de compras natalinas começou não com um estrondo, mas com um gemido”.
“As vendas da Black Friday deste ano claramente não corresponderam às expectativas”, acrescentaram.
Também não ajuda que Powell tenha cometido o erro de agir de forma muito agressiva antes das festas de fim de ano, uma época em que os movimentos do mercado costumam ser ampliados devido ao menor volume de negócios no final do ano.
“Não vamos esquecer que Jay Powell destruiu um Rally do Papai Noel em 2018, quando ficou muito hawkish e falou sobre as taxas e, em seguida, o mercado basicamente entrou em um mercado de baixa até a véspera de Natal”, disse Nancy Tengler, CEO da Laffer Tengler Investments, em um relatório. “Então, acho que você quer permanecer vigilante e focado no longo prazo.”
Alguns especialistas esperam que o nervosismo sobre a economia diminua em breve. Afinal, uma recessão não seria uma grande surpresa neste momento. Empresas, consumidores e investidores estão se preparando para isso há meses.
“O mercado tem antecipado muito uma recessão o ano todo”, disse Eric Marshall, gerente de portfólio da Hodges Capital. “Esta poderia ser uma recessão mais superficial.”
Marshall disse que os investidores deveriam estar olhando para ações desgastadas nos setores de tecnologia, saúde e consumo. Eles podem ser os primeiros a se recuperar.
