Ronaldo confia que Neymar seguirá na seleção e cobra acompanhamento psicológico
Ex-atacante campeão do mundo também comentou a polêmica recente envolvendo seu ex-companheiro de equipe, Kaká
O ex-atacante Ronaldo Fenômeno disse confiar na permanência de Neymar na Seleção Brasileira.
Na avaliação dele, que disputou quatro Copas do Mundo e venceu as de 1994 e 2002, “é normal” o craque do Paris Saint-Germain estar se sentindo mal e deixar seu futuro em aberto após o fracasso no Mundial do Catar, mas reiterou a necessidade de atletas da seleção buscarem acompanhamento psicológico para lidarem melhor com a pressão que enfrentam.
“Eu super entendo o momento que todos eles estão passando, principalmente o Neymar, em quem a pressão e a carga são muito maiores. É muito normal ele estar deprimido, triste, às vezes até sem vontade de jogar, e sem planejar nada para o futuro. Mas isso vai passar com certeza.”
“Essa decepção há de ser temporária e o Neymar vai voltar com o tesão de sempre, com a vontade de sempre. Mas eu queria reforçar essa necessidade do acompanhamento da saúde mental dos nossos atletas”.
Assim como aconteceu em 2018, a Seleção Brasileira não levou um psicólogo para a Copa do Mundo do Catar. Ronaldo declarou que um profissional durante a competição “logicamente ajuda”, mas ressaltou que o acompanhamento deve ser permanente, e não apenas durante o mês de disputa.
“Realmente é muito importante a gente tocar nesse assunto, principalmente em se tratando de Copa do Mundo, quando o mundo inteiro está olhando para a Seleção Brasileira. O mundo inteiro estava olhando para o Neymar, a expectativa toda em cima dele. E quando eu vi a entrevista dele (na verdade, uma postagem em rede social) falando que psicologicamente estava destruído, aquilo partiu meu coração de uma maneira que também fiquei destruído psicologicamente. Queria encontrar alguma forma de poder ajudá-lo”, disse Ronaldo.
“Essa ajuda existe hoje em dia. Na minha época, era pouco falado, mas aconselharia que tivesse um acompanhamento psicológico para aguentar essa pressão, que é extremamente desproporcional para qualquer ser humano”.
Ronaldo destacou que esse acompanhamento deve ser feito de forma permanente.
“Não acho que tenha de ser curto, especificamente para a competição. O que indicaria para os atletas era ter esse acompanhamento já na sua vida. Eu faço há quase três anos acompanhamento psicológico. Venho acumulando muitas funções, muito trabalho, e isso tem me ajudado muito. Eu indicaria, sim, para a vida você ter um psicólogo, para você abrir suas necessidades, suas dúvidas, e conversar abertamente com um profissional que possa te ajudar muito”, avaliou o ex-atacante.
Inglês Ruim
Ronaldo também comentou sobre a controversa declaração de Kaká, que afirmou na semana passada que o ex-atacante “é só mais um gordo andando na rua” aos olhos da torcida brasileira, para afirmar que os ídolos não têm o devido reconhecimento no país e são mais valorizados no exterior.
O comentário foi feito ao vivo em um programa de televisão BeIN Sports, da Inglaterra, e foi recebido por Ronaldo de forma tranquila. Ele culpou a tradução literal, “muito mais polêmica” do que a fala de Kaká, mas criticou o inglês do ex-meia, seu companheiro na conquista do pentacampeonato em 2002.
“O inglês dele não está muito bom. Achei que se enrolou na hora de passar a ideia que queria. A tradução nua e crua ficou feia, mas não tenho nenhum problema”, afirmou Ronaldo, que garantiu não ter ficado ressentido em relação ao comentário a respeito de sua forma física.
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Na semana passada, Kaká afirmou que muitos brasileiros não estavam torcendo para a seleção no Mundial do Catar. Também disse que “vários brasileiros amam o Ronaldo”, mas que ele e outros talentos nacionais são mais respeitados fora do país.
Ronaldo concordou com Kaká. No seu entendimento, o Brasil não valoriza seus ídolos como poderia.
“Culturalmente, nós recebemos um tratamento mais especial fora do Brasil do que no próprio Brasil”, opinou.
Ronaldo, Kaká e outros dois pentacampeões, Cafu e Roberto Carlos, assistiram as partidas da Copa do Mundo em uma área ultravip, destinada apenas a chefes de Estado, membros do alto escalão da Fifa e ex-jogadores campeões mundiais.
Ele foi criticado por não vibrar com os gols da Seleção Brasileira como outros ídolos estrangeiros fizeram em relação às suas seleções, sobretudo os argentinos.
“Não sei quem criticou a gente. Estávamos no VVIP, área reservada aos legends, campeões do mundo. Eu vi outros grandes ex-jogadores em camarotes se exaltando muito mais em lugares em que era permitido. Imagina eu, do lado de um chefe de Estado, pulando, tirando a camisa e rodando? Faltou conhecimento dos setores do estádio para quem jogou essa opinião”, justificou.