Equipe de transição prevê reformulação do Itamaraty em novo governo
Uma das ideias é fortalecer algumas áreas a partir do desmembramento e reformulação das secretarias
A equipe de transição de governo eleito responsável pela área de relações internacionais sugeriu em seu relatório uma reestruturação do Itamaraty para se adaptar à política externa que Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pretende implementar a partir de janeiro. Segundo integrantes do grupo, uma das ideias é fortalecer algumas áreas a partir do desmembramento e reformulação das secretarias.
Seria criada por exemplo uma Secretaria de América Latina, desmembrando a região que hoje fica abrigada na Secretaria das Américas.
Também seria criada uma Secretaria para África e outra para Oriente Médio, que hoje estão abrigado em uma única secretaria.
Além disso, há a sugestão de serem criadas secretarias para:
- Meio Ambiente e Clima
- Ciência e Tecnologia
- Comunidade Brasileira Internacional
A avaliação de integrantes do grupo de transição é de que uma secretaria para a meio ambiente sinaliza a prioridade do governo nesta área e em exercer uma diplomacia ambiental. Também há percepção de que é necessário fortalecer o cuidado com os mais de 4 milhões de brasileiros que vivem no exterior a partir de uma secretaria específica para eles.
O relatório, contudo, é bastante centrado em questões de estrutura administrativa e orçamentária. Algumas embaixadas que foram fechadas na África e no Caribe também deverão ser reabertas.
Nos debates do grupo de transição, a avaliação é de que a política externa do novo governo Lula terá por eixo condutor o multilateralismo e a multipolaridade. Isso significa que o país fugirá da tentativa de potências mundiais como Estados Unidos e China de impor uma aliança obrigatória.
A ideia será aliar princípios e valores com pragmatismo, o que também significa que o ideário, principalmente dos americanos, de separar o mundo entre democracias e autocracias não deverá ser seguido pela diplomacia brasileira, conforme relatos de integrantes do colegiado.
Nesse sentido, há a defesa de que sejam fortalecidos os fóruns multilaterais, que na visão do grupo foram abandonados pelo atual governo. E que haverá um cuidado especial do país em participar e construir consensos em colegiados mundiais focados em debater soluções para saúde, imigração, direitos humanos e meio ambiente, independentemente dos países que os integrem serem autocráticos ou democráticos.