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    “Se tiver de tocar pandeiro, vou ser o melhor pandeirista”, diz Daniel Alves

    Lateral-direito está há mais de dois meses sem atuar em seu clube, o Pumas, do México

    Ricardo Magattido Estadão Conteúdo

    Jogador mais contestado entre os 26 convocados por Tite que estão no Catar para a disputa da Copa do Mundo, Daniel Alves passou boa parte da coletiva da qual participou nesta quinta-feira (1º), comentando sobre as críticas que recebeu. O veterano foi contundente nas respostas e afirmou repetidas vezes que tem uma “missão” na Seleção Brasileira em seu terceiro e último Mundial.

    Muitos entendem que o treinador errou ao chamar o lateral-direito, de 39 anos, em razão de sua idade avançada, má fase técnica e período de inatividade – ele chegou ao Catar sem atuar há mais de dois meses em seu clube, o Pumas, do México.

    Já confirmado entre os titulares que vão enfrentar Camarões nesta sexta, no Estádio Lusail, Daniel Alves salientou que está focado em sua tarefa na equipe e que não dá importância aos questionamentos, até mesmo aos que apontam que ele foi convocado para animar o grupo no vestiário. O Brasil está classificado e depende de um empate para avançar em primeiro do Grupo G.

    “Estou a serviço da Seleção Brasileira. Se tiver que tocar pandeiro, vou ser o melhor pandeirista que você já viu na sua vida”, disse o jogador, que será capitão diante dos camaroneses e se tornará o atleta mais velho a usar a braçadeira pelo Brasil em uma Copa do Mundo.

    “É normal que as pessoas me contestem pela idade ou por não estar o seu melhor momento no meu clube”, admitiu. “Minha missão na Seleção Brasileira é entregar meu melhor.”

    O experiente jogador disse que é o mais criticado porque “historicamente na Seleção Brasileira sempre alguém tem que pagar a conta”. “Todos os jogadores são titulares nos maiores clubes da Europa e eu não. É normal. Não quero que as pessoas falem mal de mim sem ao menos saber a dedicação à profissão, à representação desse símbolo”.

    Na avaliação do veterano, ele foi preterido por Eder Militão contra a Suíça porque Tite precisava de um lateral com maior capacidade defensiva naquela partida e que a comissão técnica tem um “plano” para cada jogo. “Nos dois jogos em que eu não estive, nosso time necessitava de um melhor defensor. Eu sou bom no ataque”, explicou.

    Daniel Alves iniciou sua trajetória na Seleção em 2006. Ele vai encerrar seu ciclo depois de 16 anos e três Copas. Na última edição, na Rússia, foi cortado meses antes por lesão. São 125 partidas e oito gols marcados. A busca dele, agora, é pelo hexacampeonato.

    “Seleção Brasileira é muito mais do que o campo, é uma construção maior. Todo mundo é importante dentro de sua missão. E minha missão é muito importante dentro do grupo”, considerou.

    Daniel Alves havia sido alijado dos últimos dois amistosos do Brasil antes da Copa do Catar porque precisava “melhorar níveis de força e potência”, segundo tinha alertado os preparadores físicos da Seleção. Ele recebeu uma visita no México do preparador Guilherme Passos e do auxiliar César Sampaio. O alerta, segundo Tite, fez o jogador cumprir a missão, palavras que o jogador mais repetiu na entrevista.

    “Quando eles estiveram no México, eu não estava nas minhas melhores condições. Nós temos confiança, falamos a verdade, sem desviar. Eles me viram, viram que eu não estava na minha melhor condição. Disseram quem eu tinha de estar no meu melhor momento para estar na Seleção”, contou o lateral.

    “E eu vou repetir a frase que disse pra eles: ‘me dá então a missão que eu executo porque sou bom executor das missões na minha vida. Sou comprometido com as causas e as metas. Não consegui falhar com eles depois de tanta história. Confiança se conquista e a minha eu conquistei”.

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