Bolsas da Europa fecham em queda, com protestos na China e comentários do BCE
Índice pan-europeu Stoxx 600 recuou 0,65%. Em Londres, FTSE 100 caiu de 0,17%
Os principais mercados acionários da Europa fecharam em queda nesta segunda-feira (28) à medida que temores com os protestos contra a política de “covid-zero” na China contaminaram o apetite ao risco dos investidores. Além disso, comentários “hawkish” de dirigentes do Banco Central Europeu (BCE), que continuam a indicar mais altas de juros pela frente a fim de controlar a inflação, contribuíram para pressionar os índices.
O índice pan-europeu Stoxx 600 recuou 0,65%, a 437,86 pontos. Em Londres, o FTSE 100 caiu de 0,17%, a 7.474,02 pontos, pressionado por ações do setor petroleiro, como BP (-0,94%) e Shell (-0,21%), que acompanharam o movimento do óleo no mercado futuro.
Apesar de relaxaram restrições em algumas regiões do país nesta segunda, autoridades chinesas reafirmaram seu compromisso com a estratégia de covid-zero, mesmo após multidões protestarem nas ruas.
Para o Stifel, ainda está para ser determinado como os protestos vão se desenrolar e se as manifestações terão ou não um impacto significativo no ajuste dos protocolos sanitários do país. “Alguns têm esperança de que o governo possa responder com uma redução ou diminuição das restrições. Outros, no entanto, sugerem que Pequim pode ver esse comportamento indisciplinado como um precursor para ‘flexionar seus músculos’, mantendo controles e reiterando a necessidade de proteger o país como um todo”, diz o banco de investimentos.
De acordo com Nigel Green, executivo-chefe do deVere Group, os mercados de ações globais estão “assustados” com os protestos chineses. “As cenas públicas de raiva nas principais cidades como Xangai e Pequim são um desafio sem precedentes ao governo de Xi Jinping. Ninguém sabe como os protestos vão se desenvolver, quanto tempo podem durar e como o governo responderá à situação”, afirmou.
Green acredita que, mesmo que Pequim imponha uma dura repressão aos protestos, é provável que este seja o começo do fim da covid. “Ele não mostrará fraqueza de forma alguma, mas Xi agora pode ajustar o cronograma para o fim dos bloqueios da China para evitar mais desafios públicos embaraçosos e confusos”, acrescenta ele.
Os temores com a economia da China se juntam às intensas preocupações com a desaceleração da economia global em meio à inflação elevada. Dirigente do BCE, Klaas Knot afirmou nesta segunda-feira que será necessário se preparar para um “período prolongado” de aperto monetário na zona do euro. Já a presidente da instituição, Christine Lagarde, alertou que, no momento, as taxas de juros “são e devem continuar sendo a principal ferramenta de combate à inflação”.
Em Frankfurt, o DAX teve queda de 1,09%, a 14.383,36 pontos, o parisiense CAC 40 cedeu 0,70%, a 6.665,20 e o milanês FTSE MIB registrou perdas de 1,12%, a 24.440,88.
Já em Madri, o índice Ibex 35 caiu 1,11%, a 8.323,90 pontos. Por fim, na bolsa de Lisboa, o PSI 20 cedeu 1,01%, a 5.818,76 pontos.