BC indica priorizar fase de compartilhamento de dado não-bancário no Open Finance
Porta-voz do BC disse que o banco está prezando antes pela qualidade da informação compartilhada entre os bancos no Open Finance
Além do foco em resolver problemas de comunicação entre as instituições financeiras, o Banco Central (BC) indicou priorizar a fase de compartilhamento de dados não-bancários no Open Finance, assim como um modelo de iniciação de pagamentos que permita pagamentos recorrentes e atenda as necessidades de empresas.
A iniciação de transação de pagamentos permite hoje que o cliente faça um Pix sem entrar no aplicativo do banco em que tem conta, seja no comércio online ou em outra instituição financeira que tenha licença de iniciador.
Questionado no evento BB Digital Week, do Banco do Brasil (BB), sobre quando o BC vai implementar outros meios de pagamento na ferramenta, o chefe de Departamento de Regulação do Sistema Financeiro do BC, João André Pereira, disse que o BC está prezando antes pela qualidade da informação compartilhada entre os bancos no Open Finance.
Antes de falar de outras formas de pagamento no iniciador, Pereira ainda afirmou que o BC precisa dar o passo da quarta fase do cronograma, que é o que realmente traz o escopo do Open Finance, com compartilhamento de dados de seguros, investimentos, previdência e câmbio.
Na iniciação de pagamentos, o representante do BC disse que o órgão quer dar prioridade para a pessoa jurídica, uma vez que toda a implementação do Open Finance foi muito focada no consumidor pessoa física e as empresas têm outras peculiaridades, como pagamento em lotes e a existência de procuradores para fazer as transações.
O BC ainda quer trabalhar a questão da iniciação sem redirecionamento, ou seja, sem precisar autenticar a operação na instituição da onde o dinheiro vai sair. Hoje, quando se inicia a transação fora do banco da onde os recursos vão sair, o mecanismo redireciona para uma tela dessa instituição para que seja feita uma autenticação. “Tem muitas questões envolvidas, como segurança, prevenção à fraude”, disse, completando, contudo, que melhoraria a experiência do cliente.
“Em pagamentos recorrentes, na primeira operação, sempre tem que ter interação com detentor da conta, criação de chaves. As demais não passam mais por essa etapa. Isso é uma novidade mesmo que estamos colocando prioridade para discussão para estrutura de governança. Mercado vai chegar em um modelo.”
Com o desenvolvimento de uma função de pagamentos recorrentes, Karen Machado, executiva de Open Finance do BB, disse que o Pix terá mais fluidez, citando a possibilidade de pagar a mensalidade da escola ou a empregada doméstica pelo e-Social sem muitas etapas.
Machado também avaliou que a iniciação de transação de pagamento aumenta a competição e torna o jogo mais emocionante entre as instituições financeiras, já que não é necessário mais estar no canal do banco para acessar sua conta. “Faz com que a disputa pela atenção do cliente seja maior.”
Segundo ela, é uma oportunidade também para os bancos. Ela citou que há uma inadimplência maior no cartão de crédito de não correntistas, porque as pessoas esquecem com maior frequência. “Se eu puder cobrar o cartão do não-correntista na conta do banco dele imagina o que ajudaria na inadimplência. Acho, inclusive, que o iniciador de pagamentos pode substituir o cartão.”
O BB tem estado na dianteira na criação de soluções com o Open Finance, como a possibilidade de fazer um Pix para o banco de uma conta de outra instituição pelo Whatsapp, algo inédito no mundo.
Segundo o vice-presidente de negócios digitais e tecnologia do BB, Marcelo Cavalcante, o banco busca promover a criação de um ecossistema de incentivo à inovação e tecnologia. “Nossa expectativa é fechar 2022 com investimento total de TI em R$ 3,48 bilhões e mais de 27 milhões de usuários em nossos canais digitais”, ressaltou em meio ao BB Digital Week.