Contrárias à PEC do Estouro, associações comerciais divulgam manifesto
Conjunto de entidades defende ainda, como solução, a realização da reforma administrativa, "para racionalizar o gasto público", e da reforma tributária, "que simplifique o sistema e corrija distorções"
A Confederação das Associações Comerciais e Empresariais do Brasil (CACB) divulgou nesta quarta-feira (23) uma nota em que repudia a proposta da PEC do Estouro de ampliar os gastos em quase R$ 200 bilhões em 2023 e retirar os pagamentos de um novo Bolsa Família maior e de outros programas sociais do teto de gastos.
A confederação, que reúne 27 federações estaduais e mais de 2.000 associações comerciais do país, defende a necessidade de ampliar os repasses sociais, mas afirma que isso deve ser feito respeitando o limite orçamentário e evitando o aumento da dívida pública.
“A CACB (…) manifesta seu apoio à manutenção no próximo ano, do valor de R$ 600 do Auxílio Brasil ou outro nome que venha ter, por considerar uma necessidade na atual conjuntura de dificuldades de grande parcela da população”, diz a nota.
“Considera, no entanto, que os recursos necessários para garantir esse valor sejam buscados por remanejamentos no Orçamento da União para 2023, ao invés de uma autorização para gasto extraordinário (…). Assim, manifesta sua posição contrária à aprovação de uma PEC da Transição, mesmo apenas nos valores necessários para cobrir os gastos adicionais não previstos no Orçamento para o Auxílio.”
O conjunto de entidades defende ainda, como solução, a realização da reforma administrativa, “para racionalizar o gasto público”, e da reforma tributária, “que simplifique o sistema e corrija distorções”.
Outra nota também divulgada nesta semana, assinada por várias associações do setor de construção e infraestrutura, defende a Lei de Responsabilidade Fiscal, que, para as entidades, é uma conquista dos brasileiros.
“A sociedade ficou mais protegida de gastos descontrolados sem qualquer tipo de prestação de contas”, diz a carta.
“[O aumento dos gastos públicos] significa, em um primeiro momento, uma aparente melhora da economia, que vai gerar aumento de demanda […], sem o devido acompanhamento da estrutura da oferta”, disse à CNN Caio Portugal, o vice-presidente do Secovi-SP, o sindicato das empresas do mercado imobiliário em São Paulo.
“Mas, num segundo momento, vem a cobrança, por inflação, a corrosão dos preços, e o passo seguinte é a recessão, o desemprego e tudo pelo que passamos em 2014, 2015 e 2016.”