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    “Ninguém tem autoridade para falar em política fiscal comigo”, diz Lula

    Em discurso ao lado do primeiro-ministro de Portugal, o presidente eleito afirmou que é possível ter responsabilidade fiscal sem fazer tudo o que o mercado quer

    Da CNN

    O presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, voltou a criticar nesta sexta-feira (18) a reação do mercado financeiro às sinalizações de que o novo governo pode desrespeitar o teto de gastos para custear benefícios sociais. O petista disse que ninguém tem “autoridade” para falar com ele sobre política fiscal.

    Durante coletiva ao lado do primeiro-ministro de Portugal, António Costa, em Lisboa, Lula foi questionado sobre a carta divulgada na quinta-feira (17) pelos economistas Armínio Fraga, Edmar Bacha e Pedro Malan sobre declarações recentes do petista.

    O presidente eleito afirmou ter ficado “feliz” com os “conselhos”.

    “Eu ainda não li a carta, mas fiquei feliz quando companheiros me ligaram dizendo que tinha tido uma carta de pessoas importantes, inclusive ex-ministros me alertando dos problemas econômicos. Eu sou um cara muito humilde e gosto de conselho. Se o conselho for bom, pode ter certeza que eu sigo.”

    Lula citou a melhora de indicadores econômicos registrada durante seu governo e afirmou que, diante disse ficar “chateado” quando levantam dúvidas sobre sua política fiscal. O petista voltou a afirmar que um “nervosismo” desnecessário no mercado.

    “De vez em quando, aparece um nervosismo na Bolsa que não há razão de ser. Quando eu ganhei as eleições, em 2003, o Brasil tinha uma inflação de 12% ao mês, o Brasil tinha um desemprego de 12% ao mês […]. Ao terminar o meu governo, a inflação estava em 4,5%, a dívida nossa tinha caído de 60,5% para 37,7% […]. Eu fico às vezes chateado quando vejo: ‘Qual é a política fiscal?’. Eu tenho dito que ninguém tem autoridade para falar de política fiscal comigo. Porque, durante todo o meu período de governo, eu fui o único líder do G20 que fez superávit primário.”

    O presidente eleito afirmou, no entanto, que é importante ter responsabilidade fiscal, mas sem seguir todos os posicionamentos do mercado financeiro.

    “Vamos voltar a ser responsáveis do ponto de vista fiscal, sem atender a tudo que o sistema financeiro quer. Eu fui eleito para cuidar de 215 milhões de brasileiros, sobretudo das pessoas mais necessitadas. Eu já dei demonstrações de que responsabilidade fiscal a gente aprende dentro de casa. Eu aprendi com a minha mãe.”

    Desde o início da semana, a Bolsa acumula queda de 3,1%, e o dólar sobe 0,85%, diante de declarações de Lula contra a manutenção do teto de gastos. O petista sugeriu que gastos sociais fiquem fora do teto de forma permanente.

    *Publicado por Renan Porto, com informações de Renata Souza e Manoela Carlucci 

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