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    Infecções por superbactérias dobram em unidades de saúde da Europa

    Aumento decorreu de surtos em unidades de terapia intensiva (UTIs) de hospitais e em países da União Europeia onde infecções resistentes a antimicrobianos já eram generalizadas

    Maggie Fickda Reuters , em Londres

    Infecções por bactérias resistentes a antibióticos conhecidas popularmente como “superbactérias” mais que dobraram em unidades de saúde na Europa, de acordo com uma agência da União Europeia. Segundo as informações divulgadas nesta quinta-feira (17), as evidências apontam para um impacto mais amplo da pandemia de Covid-19 sobre o cenário.

    O relatório do Centro Europeu de Prevenção e Controle de Doenças (ECDC, em inglês) afirma que os casos relatados de dois agentes altamente resistentes a medicamentos aumentaram em 2020, o primeiro ano da pandemia, e depois aumentaram acentuadamente em 2021.

    O aumento decorreu de surtos em unidades de terapia intensiva (UTIs) de hospitais e em países da União Europeia onde infecções resistentes a antimicrobianos já eram generalizadas, disse Dominique Monnet, membro do ECDC, em entrevista à imprensa.

    Os dados mostram que, na Europa, no ano passado, os casos relatados do grupo de bactérias Acinetobacter mais que dobraram em comparação com os números anuais pré-pandemia. Os casos de outra bactéria, Klebsiella pneumoniae, resistente aos antibióticos de último recurso, aumentaram 31% em 2020 e 20% em 2021.

    O relatório não incluiu dados sobre quantas pessoas morreram devido às infecções em 2020 e 2021. Especialistas dizem que pode ser um desafio atribuir definitivamente a causa da morte quando os pacientes foram hospitalizados por Covid-19, por exemplo.

    Alguns cientistas vinculam o aumento das infecções por superbactérias adquiridas no hospital durante a pandemia a prescrições mais amplas de antibióticos para tratar a Covid-19 e outras infecções bacterianas durante longas internações.

    Monnet disse que essa era “a hipótese mais plausível”, mas sua agência ainda não realizou uma análise completa. Ele também disse que os dados mostraram diminuições nos casos de algumas outras superbactérias comuns em hospitais europeus. O ECDC aponta que é porque a crise da Covid-19 levou ao adiamento de operações.

    O relatório europeu é consistente com uma tendência observada no ano passado nos Estados Unidos, onde dados do governo mostraram que as mortes nos EUA por infecções resistentes a medicamentos aumentaram 15% em 2020.

    A resistência aos medicamentos evolui através do uso indevido ou excessivo de antibióticos. A preocupação com isso não é nova. Especialistas chamam infecções por superbactérias, incluindo agentes fúngicos, de uma pandemia silenciosa que causa mais de um milhão de mortes anualmente, mas não atrai foco ou financiamento para pesquisas.

    (Edição de Barbara Lewis)

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