Advogado em famoso caso de fraude nos EUA diz que nunca viu fracasso como da FTX
Colapso do império de Bankman-Fried abalou todo o ecossistema de ativos digitais e provocou um efeito dominó entre as empresas de criptomoedas
O funcionário da reestruturação encarregado de supervisionar o processo de falência da FTX disse em um processo judicial que nunca em sua carreira viu “uma falha tão completa dos controles corporativos”.
“Desde integridade de sistemas comprometidos e supervisão regulatória falha no exterior até a concentração de controle nas mãos de um grupo muito pequeno de indivíduos inexperientes, não sofisticados e potencialmente comprometidos, esta situação é sem precedentes”, disse John J. Ray III, que anteriormente supervisionou a liquidação da Enron.
Ray foi nomeado CEO da FTX quando a bolsa de criptomoedas entrou com pedido de falência na última sexta-feira, e seu fundador, Sam Bankman-Fried, deixou o cargo.
O colapso do império de Bankman-Fried, que incluía seu fundo de hedge Alameda Research, agora falido, abalou todo o ecossistema de ativos digitais e provocou um efeito dominó entre as empresas de criptomoedas, forçadas a interromper as retiradas e podem estar entrando com pedido de falência.
No processo judicial na quinta-feira (17), Ray expôs uma série degente ma problemas com as demonstrações financeiras preparadas pela FTX e Alameda sob o reinado de Bankman-Fried.
Tanto quanto é do seu conhecimento, disse ele, nenhuma das demonstrações financeiras foi auditada e ele não tem confiança na sua precisão. No caso de pelo menos uma afiliada da FTX, a Island Bay Ventures, Ray não conseguiu localizar nenhuma demonstração financeira.
Muitas das empresas do FTX Group “não tinham governança corporativa apropriada” e algumas “nunca tiveram reuniões do conselho”, disse o documento.
A FTX também carecia de controle centralizado de seu caixa. A má administração de fundos foi tão ruim sob Bankman-Fried que a nova administração ainda não sabe quanto dinheiro o FTX Group possui.
Outras falhas processuais incluem “a ausência de uma lista precisa de contas bancárias e signatários de contas, bem como atenção insuficiente à credibilidade dos parceiros bancários”.
Além disso, Ray disse que os fundos corporativos foram usados para comprar casas e outros itens pessoais para funcionários e consultores nas Bahamas, onde a FTX estava sediada.
“Não parece haver documentação para algumas dessas transações como empréstimos”, disse Ray.