Mercado reagiu a discurso irresponsável e populista de Lula, diz Maílson da Nóbrega
Presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva desagradou agentes financeiros ao questionar políticas de controle fiscal e sugerir que capital direcionado a educação são investimentos, não gastos
A perda bilionária que a bolsa brasileira teve na última quinta-feira e a forte alta dos juros futuros foram uma reação ao “discurso irresponsável e populista de Lula”, disse diz Maílson da Nóbrega, ex-ministro da Fazenda, em entrevista à CNN neste sábado (12).
O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva desagradou agentes financeiros ao questionar políticas de controle fiscal e sugerir que capital direcionado a educação são investimentos, não gastos.
“Dizer que educação não é gasto, é investimento, é uma estupidez, porque gasto é gasto. O rótulo de um gasto não muda sua natureza. Aa preocupação que deve ter um administrador público em questões de finanças públicas é fazer com que programas sociais impactem de maneira controlada a dívida pública”, diz.
Maílson explica que a relação da dívida com o PIB é o indicador mais observado pelos investidores, porque reflete a solvência do setor público. ”
Gastos em educação impactam o caixa do Tesouro assim como qualquer outro. Se não tiver recursos ficais para isso, o governo vai ter que se endividar, e o endividamento se sustenta por um tempo. Vai chegar um momento em que a percepção será de que a expansão da dívida tomou uma trajetória tão insustentável que, em algum momento, o governo vai ficar impossibilitado de pagar os encargos financeiros da dívida”.
O ex-ministro ressalta a importância de programas sociais direcionados aos mais pobres, sobretudo na área de educação, mas alerta para a necessidade de os planos virem acompanhados com responsabilidade fiscal.
“Todo mundo é favorável a políticas sociais direcionadas aos menos favorecidos, é preciso dar-lhes condições não penas de sobrevivência, mas de acesso à educação, a uma boa residência, ao transporte e assim por diante. Agora, se você faz isso descuidando do impacto na dívida, isso vai contra os pobres, porque o descontrole fiscal gera uma queda de confiança, implicando em fuga de capitais do país, e impacta não só os preços, mas a taxa de câmbio, que tem influência nos preços comercializados no exterior, particularmente as commodities”.
Veja a entrevista completa no vídeo acima.
*Publicado por Ligia Tuon
