Mercado está perdendo benefício da dúvida quanto a governo Lula, diz economista
Em entrevista à CNN, o economista-chefe da RPS Capital, Victor Oliveira, avaliou que indicadores refletem ansiedade quanto à indefinição do presidente eleito sobre políticas fiscais e econômicas
Em entrevista à CNN, o economista-chefe da RPS Capital, Victor Oliveira, avaliou que a postura do mercado financeiro nesta quinta-feira (10) é reflexo da ansiedade de investidores quanto à indefinição do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sobre políticas fiscais e econômicas do próximo governo.
“O mercado financeiro está perdendo o benefício da dúvida quanto ao governo de Lula”, disse ele ao Live CNN Brasil.
“Há uma esperança que o presidente seja fiscalmente responsável, mas ainda não há nenhuma definição: não se sabe quem será o ministro da Economia, nem o que virá da PEC de Transição, que terá um impacto fiscal gigante, estimado na casa dos R$ 100 bilhões. Quando o mercado tem uma incerteza como essa, ele reage da forma que está reagindo agora.”
Até às 13h10 desta quinta, o Ibovespa caía fortemente, com agentes repercutindo não só às indefinições econômicas do governo Lula, mas ao resultado da inflação dos EUA de outubro. Enquanto o principal índice da Bolsa tinha queda de 2,38%, o dólar avançava 2,89% frente ao real, sendo negociado a R$ 5,332 na venda.
A moeda americana chegou a subir mais de 3% ante o real nesta manhã.
Segundo Oliveira, o que mais gera instabilidade no mercado quanto ao cenário doméstico é o quão grande será o tamanho do impacto fiscal com a PEC de Transição e como as regras fiscais se darão daqui para frente.
“Estamos em uma situação difícil, de equilíbrio fiscal incerto, então o governo precisa sinalizar que vai convergir. A gente entende que o Auxílio Brasil deve ficar em R$ 600, sim, mas o problema é em como essa conta vai ser paga. Por enquanto, o que já foi dito é negativo, na nossa opinião”, disse ele, que espera que a equipe de transição coloque as cartas na mesa o mais rápido possível, com clareza e praticidade.
“É importante ter essa responsabilidade para que o mercado possa ter uma vida mais tranquila, o dólar abaixar, os juros caírem, e isso também refletir na vida da população. Responsabilidade fiscal e responsabilidade social são duas coisas que não caminham separadas.”