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    Alta na inflação acende alerta para aumento de gastos para 2023, dizem economistas

    IPCA voltou a acelerar em outubro e ficou acima da expectativa, em 0,59%

    Diego Mendesdo CNN Brasil Business , São Paulo

    Depois de 3 meses de deflação, o IPCA voltou a acelerar em outubro e ficou acima da expectativa, em 0,59%. Alimentos tiveram alta no mês, como o esperado, mas passagem aérea disparou 27% e foi a maior contribuição no índice com alta de 0,16p.p. Mesmo excluindo os itens voláteis, voltamos a ver uma inflação no mês mais generalizada, com difusão em alta para 0,68% e média dos núcleos subindo de 0,42% para 0,55%.

    Para a economista-chefe do Inter, Rafael Vitória, a surpresa no mês foi a inflação de bens, como artigos para casa e vestuário. “Como os dados do IPA, a inflação ao produtor, mostram uma queda na pressão de custos, essa alta ao consumidor em outubro pode ter sido pontual e não uma tendência”, analisa.

    A boa notícia na leitura do IPCA de outubro, segundo Vitória, foi uma desaceleração da inflação de serviços, excluindo passagens, que ficou em 0,2% no mês, a quarta desaceleração seguida, indicando o efeito da normalização da demanda e a política monetária restritiva.

    “A aceleração da inflação no mês, ainda que pontual, serve de alerta nesse momento em que se discute proposta de aumento de gastos para 2023. Uma expansão fiscal muito significativa pode ter impacto direto na demanda e resultar em novo aumento da inflação, tirando potência da política monetária e aumentando o custo da dívida e prolongando o tempo para o ajuste”, ressalta a economista-chefe.

    Na visão de Felipe Rodrigo de Oliveira, economista da MAG Investimentos, o índice de difusão (% de subitens da cesta do IPCA em alta) acelerou em relação ao mês passado. No entanto, as medidas subjacentes da inflação mantiveram sua tendência de desaceleração no dado interanual e a inflação de serviços veio abaixo do esperado, sinalizando a atuação do aperto monetário nos preços.

    “Para os próximos meses, a perspectiva aponta para um movimento de inflação de bens industriais e serviços desacelerando, o que deve permitir a manutenção do movimento do recuo do IPCA no acumulado em 12 meses”, aposta Oliveira.

    Efeitos do ICMS

    Economistas também citaram os reflexos da aplicação do limite de teto do Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias. De acordo com Claudia Moreno, economista do C6 Bank, essa volta da inflação ao terreno positivo mostra que os efeitos da redução do sobre combustíveis, energia e telecomunicações começaram a ficar para trás.

    “Sem esse impacto pontual, voltamos a ter uma inflação positiva, como vimos agora em outubro. Quando a gente olha para a composição, a inflação não veio de todo ruim. A inflação de serviços subiu 0,67% em outubro, menos que o esperado. Mas em 12 meses acumula uma alta de 8,1%”, comenta.

    Eduardo Vilarim, economista do Original, mostra que nos transportes, os preços da gasolina praticados nas bombas, e apurados pela ANP, subiram pela quarta semana seguida (último preço medido em R$ 4,98) e devem impactar os resultados de novembro.

    “Além disso, a gasolina se mantém defasada em relação à paridade internacional (-16%). Assim, nossas análises preliminares sugerem um IPCA cheio de 0,47% em novembro e 0,73% em dezembro, fechando o ano de 2022 em 6,0%”, afirma.

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