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Brasil tem “potencial imenso” para a geração de recursos limpos, diz diretor da IFC
Makhtar Diop afirmou que o páis é um dos principais alvos dos investidores, muito por causa da possibilidade de montar negócios sustentáveis
![Makhtar Diop, diretor-executivo da Corporação Financeira Internacional Makhtar Diop, diretor-executivo da Corporação Financeira Internacional](https://preprod.cnnbrasil.com.br/wp-content/uploads/sites/12/2022/11/283503721_956024165079325_2586319235123028053_n-e1668054267633.jpg?w=1080&h=674&crop=1)
A COP27 tem focado no financiamento dos países desenvolvidos àqueles em desenvolvimento, para fins contenção de danos, reparações e adaptações às alterações climáticas. Tem sido assim desde o início da conferência e o movimento se fortaleceu nesta terça-feira (9), primeiro dia após os discursos de líderes. Nos corredores da conferência, também se fala em financiamento para empresas, por meio da geração de recursos limpos.
Em entrevista à CNN, o diretor-executivo da Corporação Financeira Internacional (IFC), Makhtar Diop – um braço do Banco Mundial – afirmou que o Brasil é um dos principais alvos dos investidores, muito por causa da possibilidade de montar negócios sustentáveis. “O potencial do Brasil é imenso. Do Ceará ao Rio de Janeiro, temos um potencial gigante com geração de energia limpa. Isso é algo que devemos investir e apoiar a transição na América Latina”, afirmou.
Dentre as principais atribuições do IFC, está o estabelecimento de pontes entre investidores e negócios inovadores e sustentáveis, mas também entre negócios inovadores e o setor público. A instituição busca explicar aos governos sobre a importância de adequar e facilitar normas de entrada dessas companhias sustentáveis no mercado.
Cerca de 70% do portfólio da IFC é de energia renovável. De acordo com Diop, a corporação está focada na parte mais pobre do mundo, principalmente no continente africano, onde eles pretendem fortalecer investimentos em energia solar. Em países com recursos naturais abundantes, a ideia é investir em hidrogênio verde, que é gerado por energias renováveis ou de baixo carbono.
No Brasil, Diop lembrou que o IFC lançou, títulos verdes, que tem como objetivo financiar projetos de sustentabilidade e, de maneira pioneira, títulos azuis, que são mecanismos que buscam apoiar oceanos limpos e projetos marítimos sustentáveis. Os diálogos vêm se fortalecendo, segundo o diretor. “E isso é muito bem recebido pelas companhias no Brasil. Também estamos aumentando diálogo em PPPs (parcerias público-privado). Parte da dívida é baseada em títulos sustentáveis”.
O modelo de economia circular, no qual o conceito de fim de vida de um produto é substituído pela reutilização ou reciclagem, de maneira não linear, tem sido um atrativo para investidores. “Também queremos sair do plástico. Temos projetos no Brasil na produção de papel sustentável”. O representante do IMC afirmou que pretende viajar ao Brasil entre o final deste ano e o começo de 2023, para fortalecer o investimento sustentável nas áreas de inclusão social e digital.
A barreira do desmatamento
A evolução do mercado brasileiro sustentável depende, porém, da preservação ambiental. E apesar de o Brasil ser visto como um país de grande potencial para redução de emissões de gases, fortalecimento do mercado de créditos e geração de energia limpa, na prática o país enfrenta recordes anuais de desmatamento na Floresta Amazônica e de emissões de gases do efeito estufa.
Enquanto isso, na chamada “Conferência do Clima da Implementação”, um grupo de ao menos 25 países formou a Parceria de líderes para Floresta e Clima (FCLP, em inglês). A ideia é recuperar florestas até 2030. Por enquanto, o Brasil não aderiu à parceria. As negociações seguem.