Reino Unido convoca eleições na Irlanda do Norte para quebrar impasse político
A Irlanda do Norte está sem um governo descentralizado em funcionamento desde fevereiro, quando o Partido Unionista Democrático, pró-britânico, se retirou em protesto contra os acordos comerciais pós-Brexit
O governo britânico deve convocar uma eleição para o parlamento descentralizado da Irlanda do Norte em um esforço para quebrar um impasse político que pode deixar a região em uma situação de enfrentamento contra o domínio direto de Londres.
“Eleições vão acontecer”, disse a ministra britânica do Meio Ambiente, Therese Coffey, à BBC.
A Irlanda do Norte está sem um governo descentralizado em funcionamento desde fevereiro, quando o Partido Unionista Democrático (DUP, em inglês) pró-britânico se retirou do governo de compartilhamento de poder em protesto contra os acordos comerciais pós-Brexit. Ele se recusou a abandonar seu boicote.
As eleições de maio, nas quais o rival Sinn Fein conquistou o maior número de cadeiras pela primeira vez, não conseguiram romper o impasse e o governo britânico diz que é legalmente obrigado a convocar uma nova eleição após 24 semanas, prazo que terminou na quinta-feira (27).
O ministro responsável pela Irlanda do Norte, Chris Heaton-Harris, ainda não anunciou formalmente as eleições, que ocorreriam dentro de 12 semanas. A mídia na Irlanda do Norte nomeou 15 de dezembro como a data mais provável para a votação.
Convocar uma eleição significa que os ministros interinos perdem o poder e os funcionários públicos são deixados para administrar efetivamente a região.
Um impasse prolongado provavelmente levaria a mais decisões a serem tomadas em Londres, preparando o terreno para uma disputa com os nacionalistas irlandeses e o governo irlandês que se opõem a esse acordo.
O impasse político já congelou partes do governo da região, deixando eleitores irritados reclamando do impacto nos subsídios governamentais aos combustíveis e no serviço de saúde.
Uma eleição também deve colocar em evidência as profundas divisões políticas sobre as regras comerciais pós-Brexit para a região, conforme estabelecido no Protocolo da Irlanda do Norte, no momento em que o novo primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak, começa a buscar um compromisso com Bruxelas.
O DUP diz que não se juntará a um governo de compartilhamento de poder, que é obrigatório na Irlanda do Norte sob o acordo de paz de 1998, até que suas preocupações sobre os acordos comerciais pós-Brexit sejam abordadas.
Após um longo impasse, o Reino Unido e a União Europeia (UE) retomaram as negociações no início deste mês sobre como resolver problemas com o protocolo, parte do tratado de divórcio da UE, e autoridades irlandesas relataram sinais encorajadores antes de Sunak substituir Liz Truss como líder britânica na segunda-feira (31).
Bruxelas, que diz que as verificações do comércio entre o Reino Unido e a Irlanda do Norte são necessárias para proteger seu mercado único após o Brexit, já que uma fronteira terrestre com a Irlanda, membro da UE, é impraticável, indicou uma abertura para facilitar algumas das verificações.
Mas o DUP insiste que não deve haver restrições ao comércio entre a Irlanda do Norte e o resto do Reino Unido, algo que a UE disse que não aceitará.