Órgão da ONU aprova nomear investigador de direitos humanos por atos da Rússia
É a primeira vez em 16 anos que Conselho cria um relator especial para examinar de um dos país que detém assentos permanentes na pasta
Um órgão de direitos humanos da Organização das Nações Unidas (ONU) aprovou confortavelmente uma moção nesta sexta-feira (7) para nomear um novo especialista independente para avaliar supostos abusos de direitos humanos na Rússia. A pasta acusa Moscou de criar um “clima de medo” por meio de repressão e violência.
Foram 17 votos a favor e seis contra, com 24 abstenções. É a primeira vez que o Conselho de Direitos Humanos, de 16 anos de existência, cria um relator especial para examinar o histórico de direitos de um de seus chamados membros “P5”, que detém assentos permanentes no Conselho de Segurança.
“Queremos que fique claro hoje que não esquecemos aqueles que lutam pela liberdade em casa enquanto [Vladimir] Putin reprime o povo russo e realiza opressão no exterior”, disse o embaixador britânico nas Nações Unidas em Genebra, Simon Manley, à “Reuters” logo após a votação.
Quase 50 países apresentaram a moção, incluindo o Reino Unido, todos os países da União Europeia, exceto a Hungria, bem como Estados Unidos, Ucrânia, Japão e Colômbia. Os que votaram contra foram China, Venezuela, Cuba, Eritreia, Bolívia e Cazaquistão.
A medida ocorre após o país implantar leis mais fortes para punir pessoas que Moscou diz estarem desacreditando as Forças Armadas ou divulgando informações falsas. A Rússia também encerrou forçadamente grupos de direitos humanos, incluindo o Memorial, que ganhou o Prêmio Nobel da Paz nesta sexta.
O embaixador da Rússia nas Nações Unidas em Genebra, Gennady Gatilov, afirma que a moção continha um “fluxo de alegações falsas”.
“Este projeto de resolução é mais um exemplo de como os países ocidentais estão usando este conselho para alcançar seus objetivos políticos”, declarou ele.
O enviado da China, Yang Zhilun, acusou os países ocidentais que apresentaram a moção de terem “dois pesos e duas medidas” nos direitos humanos, apontando problemas com racismo e medidas contra imigrantes em algumas nações.
O Conselho de 47 membros está profundamente dividido, com um crescente coro de países liderados por Rússia e China se opondo a qualquer ação contra países específicos, o que, segundo eles, equivale à intromissão política.