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    Casos de violência política crescem 110% em período de campanha eleitoral

    Pesquisa da Unirio aponta que foram registrados 212 episódios em todo o país; entre as vítimas, 108 eram candidatos ou pré-candidatos ao pleito de outubro

    Pauline Almeidada CNN , no Rio de Janeiro

    Uma pesquisa mostra que o Brasil registrou 212 casos de violência política entre julho e setembro deste ano, período que inclui a campanha eleitoral, um aumento de 110% em relação ao trimestre anterior, quando foram 101.

    O total quase empata com a quantidade de episódios observada durante todo o primeiro semestre de 2022, quando foram registrados 214 episódios.

    Os dados foram divulgados nesta quarta-feira (5) pelo Observatório da Violência Política e Eleitoral no Brasil da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio).

    O coordenador do estudo, Felipe Borba, aponta que o crescimento dos episódios se deu com a proximidade das eleições.

    Foram 41 episódios em julho, 60 em agosto e 111 em setembro, véspera do pleito. No país, 25 estados tiveram registros, com exceção do Acre e Amapá.

    O Sudeste é a região mais atingida e concentra quase 40% (39,6%) dos casos, seguida por Nordeste (59 casos / 27,8%), Sul (22 casos / 10,4%), Centro-Oeste (20 casos / 9,4%) e Norte (18 casos / 8,5%).

    O levantamento do Observatório da Violência Política e Eleitoral no Brasil é feito com base nos fatos noticiados pelo país que têm como alvos políticos eleitos, aqueles que já não ocupam cargos, candidatos, pré-candidatos e ocupantes de cargos políticos na administração pública, além de seus familiares.

    Dos 212 episódios observados, 105 (45,9%) foram de ameaças. Uma das vítimas foi a deputada federal eleita Duda Salabert (PDT-MG), que foi votar no último domingo (2) utilizando um colete à prova de balas. Ela é uma das duas mulheres trans que estarão na próxima legislatura da Câmara.

    As agressões aparecem em segundo lugar, com 56 episódios (26,4%), seguidas dos atentados, com 26 casos (12,3%), e dos homicídios, com 18 (8,5%). Ainda foram registrados três homicídios de familiares de lideranças políticas (1,4%), duas ameaças contra familiares (0,9%) e dois sequestros (0,9%).

    Os assassinatos foram registrados em 14 estados. O Rio de Janeiro lidera tanto em número de homicídios, com três, neste caso juntamente com Alagoas, quanto em atentados, com quatro casos.

    Dois candidatos a deputados federais, por exemplo, tiveram os veículos alvos de tiros. As vítimas foram Verônica Costa (PL) e Marcus Vinicius (SD).

    Segundo o levantamento, as lideranças locais seguem como as principais vítimas da violência política, com 42 vereadores identificados (19,8%), 20 prefeitos (9,4%) e dois vice-prefeitos (0,9%).

    No entanto, os episódios contra envolvidos no pleito federal e estadual deste mês de outubro sofreram um aumento no período de campanha. Foram 30 episódios contra pré-candidatos (14,2%) e 78 contra candidatos (36,8%).

    “A dinâmica da política municipal segue uma lógica própria independente do ciclo estadual e nacional. Ainda que a violência agora tenha sido alta, ela é menos letal. Você tem um grande volume de ameaças, agressões, enquanto no ciclo municipal, em 2020, algo em torno de 20 candidatos foram mortos”, pontuou Felipe Borba.

    O registro de 212 casos de violência política entre julho e setembro foi o maior desde o quarto trimestre de 2020, com 240 casos, quando aconteceram as eleições municipais. Naquele ano, por conta da pandemia de Covid-19, a votação só aconteceu no mês de novembro.

    Em relação às legendas, foram identificadas vítimas de 29 partidos no terceiro trimestre de 2022. Os partidos com mais alvos foram o PT (37 casos / 17,5%), PSOL (19 casos – 9%), PL (17 casos – 8%) e MDB (11 casos – 5,2%).

    Segundo Borba, o PSOL aparece nesse ranking por conta da defesa de pautas de grupos minoritários, como LGBTQIAP+, enquanto a presença de PT e PL sugere uma influência da polarização vista na disputa presidencial entre Luís Inácio Lula da Silva e Jair Bolsonaro.

    O Observatório considera como violência política qualquer tipo de agressão que tenha o objetivo de interferir na ação direta das lideranças políticas, como limitar atuação, silenciamento, imposição de interesses e eliminação de oponentes.