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    Juros devem cair a partir de 2023, dizem especialistas

    Economistas disseram que relatório do BC mantém posição de alerta sobre inflação, e divergem sobre momento de descida dos juros

    Fabrício Juliãodo CNN Brasil Business , em São Paulo

    Banco Central do Brasil reafirmou a revisão sobre a projeção da taxa de inflação para 5,8% em 2022 no Relatório Trimestral de Inflação divulgado nesta quinta-feira (29). A autoridade monetária já havia indicado o número menor na ata divulgada na véspera. No relatório anterior, divulgado em julho, o IPCA estava em 8,8% ao ano.

    A queda da inflação projetada pelo BC considera o cenário de desaceleração das commodities em conjunto com os efeitos do aperto monetário da Selic no atual patamar, que é ainda mais restritivo considerando as surpresas recentes de inflação mais baixa, destaca Rafaela Vitória, economista-chefe do Inter.

    “Caso se concretize, poderemos em breve discutir a redução de juros, pois será desnecessário a manutenção de um aperto monetário tão significativo com a trajetória de inflação em queda mais acelerada”, afirmou a economista.

    Já para Pedro Renault, economista do Itaú Unibanco, o relatório manteve o tom de cautela do BC sobre a situação atual, sinalizando que a entidade monetária continuará em alerta para a alta dos preços e não irá arrefecer sua abordagem a menos que o cenário seja favorável para que isso aconteça.

    “O relatório não muda a sinalização que estava na ata do Copom e no comunicado anterior, foi um documento duro no sentido de que estão vigilantes em relação à inflação, porque se necessário vão subir os juros novamente”, destacou o economista do Itaú.

    “Ele apontou na direção de que haverá taxa de juros mantida em patamar elevado por algum tempo, com toda uma simulação de que essa seja a estratégia de fato, em um território contracionista. Nossa leitura é que a Selic caia somente a partir da segunda metade do próximo ano, a partir de agosto”, acrescentou.

    Esta visão também é a esperada por André Braz, coordenador de índices de preços da Fundação Getúlio Vargas (FGV), que ressaltou o nível de incerteza doméstica presente ainda este ano e no exterior com guerra e outros fatores de pressão inflacionária.

    “A pressão inflacionária por aqui ainda existe. Os índices estão negativos, mas quando olhamos para o IPCA-15, 60% dos bens e serviços ficaram mais caros, embora os outros 40%, e aí entra gasolina, alguns alimentos de cesta básica, comunicações e energia ajudaram a inflação a ficar negativa. Mas não é a maioria dos itens”, pontuou.

    No entanto, o economista reforçou que as previsões estão surpreendendo nesta reta final do ano em razão de medidas do governo e um cenário externo favorável à redução dos preços, com risco de recessão global à vista atingindo commodities.

    “As projeções são incertas, para o fim do ano a inflação pode encerrar em 5,6%, bem abaixo do que todos previam no começo. Isso por conta da redução de impostos, do bom comportamento dos alimentos que começaram a ceder com safras boas, desaceleração da economia mundial e redução do preço do petróleo”, explicou.

    Por fim, o economista-chefe da Órama, Alexandre Espírito Santo, também disse acreditar em uma movimentação de queda da Salic a partir do segundo semestre de 2023, mas ressaltou que a manutenção dos juros em alta por muito tempo pode fazer com que ele caia com mais intensidade ao fim deste período.

    “Não acredito que tenha que cair o juro logo, até porque se for ‘higher for longer’ dá para cair com mais intensidade, duas ou três quedas de 100 pontos e dá para encerrar o ano que vem em 10,75% ou 11,75%”, salientou.

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