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    Eleições 2022

    Abstenção pode definir possibilidade de 2º turno na eleição presidencial

    Número de eleitores que decidiram não votar nos pleitos de 2014 e 2018 foi grande

    Adriana De Lucada CNN , em São Paulo

    Mais do que tentar o voto útil, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) concentra energia nos últimos dias de campanha para convencer o eleitor a comparecer na votação, no próximo domingo (2). Isso, porque, a abstenção pode definir se haverá ou não segundo turno, se os cenários das pesquisas de intenções de votos se confirmarem.

    O número de eleitores que decidiram não votar nas últimas duas eleições presidenciais foi grande. A abstenção de votos chegou a quase 20% do eleitorado em 2014, e, em 2018, subiu ainda mais. Se essa tendência seguir agora no primeiro turno, mais de 30 milhões de brasileiros podem não comparecer às urnas;

    “São aqueles que estão decepcionados com os dois lados, Lula e [Jair] Bolsonaro. Eles podem exercer claro o voto ao Ciro [Gomes] e à [Simone] Tebet, principalmente, mas muitos deles se quer darão o trabalho de votar. Enfim, a questão é observar nesta equação toda se o índice vai superar o das eleições anteriores ou se vai cair com uma certa força”, explica o cientista político e professor da ESPM Paulo Ramires.

    E a ausência dos eleitores pode favorecer Jair Bolsonaro (PL). É que a abstenção de votos atinge as faixas de eleitores nas quais Lula tem mais vantagem nas pesquisas, como aqueles com menor escolaridade.

    Em 2018, a taxa de comparecimento entre os analfabetos, que não são obrigados a votar, foi de 49%. O número aumenta conforme sobe a escolaridade e chega entre os eleitores com ensino superior completo, a 88%. A abstenção também é alta entre idosos acima de 70 anos, para quem o voto não é obrigatório.

    “A lógica é muito clara, existe o custo de votar. O custo de votar é o preço do deslocamento, a penalidade que se aplica e o custo da informação. Essas pessoas com mais baixa escolaridade e menos renda tem mais dificuldade para votar”, afirma Paula Veiga, professora de ciências políticas da Unirio.

    As mulheres, além de serem maioria entre o eleitorado, registram uma taxa de comparecimento às urnas um pouco maior do que dos homens. Entre o público feminino, o petista leva vantagem. Por isso, a campanha do presidente Bolsonaro também deve se empenhar em evitar a abstenção no próximo domingo.

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