IPCA-15 pode indicar revisões da inflação para este ano, avaliam economistas
Resultado da "prévia da inflação" de setembro foi puxado por combustíveis e energia; alimentos devem ter queda nos próximos meses
O IPCA-15 (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15), considerado uma “prévia da inflação oficial”, recuou 0,37% em setembro e surpreendeu o mercado, que esperava um declínio menor.
Ao CNN Brasil Business, economistas afirmaram que o resultado do indicador pode resultar em novas revisões de baixa da expectativa para a inflação de 2022 e 2023 nas próximas semanas.
Para Rafaela Vitória, economista-chefe do Inter, o resultado traz boas notícias em relação ao processo de desinflação, tanto pela queda dos preços internacionais como pela redução do risco de inércia.
“O IPCA-15 trouxe nova surpresa de baixa com deflação de 0,37%, contra nossa expectativa de -0,24%. A queda dos alimentos e de transportes foi maior que o esperado, refletindo os menores preços das commodities no mercado internacional”, destacou a economista.
Rafaela também chama a atenção para a redução dos impostos no grupo comunicação, que teve impacto maior em agosto devido ao atraso nos descontos pelas operadoras. Além disso, a economista aponta que que a inflação de serviços veio melhor que o esperado, ponto que pode ser visto com bons olhos pelo Banco Central.
“A inflação de serviços, ponto de tenção do Banco Central, também ficou mais baixa, em 0,32%, em relação a 0,38% em agosto, indicando que não há pressões adicionais devido aos estímulos ficais dos últimos meses”, pontuou.
Tatiana Nogueira, economista da XP, ressalta que o resultado do IPCA-15 de setembro também acrescenta um viés baixista à projeção do IPCA deste mês.
“A desagregação revelou uma surpresa ainda maior: os preços livres contribuíram com recuo 0,21 ponto percentual para o desvio da nossa projeção”, ressaltou a economista.
Na avaliação do economista-chefe da MB Associados e Especialista CNN em Economia, Sergio Vale, o país está, de fato, passando por um cenário positivo com meses seguidos de deflação. Segundo ele, o movimento que foi observado em combustíveis e energia, nos próximos meses deve aparecer também no grupo de alimentos.
“Talvez tenhamos, nos próximos [IPCA], em alguns casos, a deflação em alimentos. Aqui estamos falando da população mais pobre que sente com mais força, porque combustíveis e energia estamos falando de uma classe média para cima, que sente com menos intensidade. A população está sofrendo, ao longo dos últimos três anos, muito pesadamente, com a inflação de alimentos”, disse.
No entanto, o economista diz que a sensação de preços altos ainda deve persistir.
“A sensação de mal-estar, de preços muito elevados, infelizmente, ainda vai estar presente. Pensar em um movimento de que vai haver quedas fortes, como vemos com combustíveis… não é o provável de vermos acontecer. Então, tem um alívio temporário em alguns itens e alimentos, mas não é algo que vai ajudar de uma forma significativa a população”.
Para o ano, A XP anunciou que projeta o IPCA em 6,1%, incorporando uma queda adicional nos preços da eletricidade devido a alterações tarifárias e um aumento de 5% nos preços da gasolina no final do ano.