Furacão Ian começa a atingir Cuba com ventos fortes e chuva
Meteorologistas informaram que a tempestade pode atingir o norte de Tampa Bay, na Flórida, nos Estados Unidos, no início da sexta-feira (30)
Os primeiros ventos fortes antes do furacão Ian começaram a atingir a costa sul de Cuba na noite de segunda-feira (26), quando autoridades correram para evacuar moradores, proteger barcos e casas em meio a alertas de uma tempestade com risco de morte.
A tempestade de rápido crescimento está centrada a cerca de 250 km a sudeste de Cabo San Antonio, no extremo oeste de Cuba, mas aumentou de intensidade nas últimas horas com ventos máximos sustentados de 155 km/h. O furacão é de categoria 2 em uma escala de cinco etapas.
“Danos devastadores do vento são possíveis onde o núcleo de Ian se move pelo oeste de Cuba”, disseram os oficiais.
A previsão é que a tempestade se fortaleça em um furacão de categoria 3 ou maior e siga para o norte até a costa da Flórida, nos Estados Unidos, onde os moradores estão estocando suprimentos e enchendo sacos de areia.
Moradores de Batabano, na costa sul de Cuba, trabalhavam com muito menos recursos do que na Flórida quando a tempestade se aproximava, ameaçando a vila de pescadores de precárias casas de madeira e blocos de concreto a poucos passos do mar agitado.
“Estamos aqui salvando vidas humanas, indo de casa em casa, tirando idosos e crianças”, disse a autoridade local Suleika Roche, de 43 anos, a bordo de um ônibus que transportava moradores para um terreno alto.
A tempestade deve atingir o norte da ilha à medida que avança para o Golfo do México, mas as previsões apontam para o oeste da capital Havana, onde um impacto direto pode causar danos catastróficos à infraestrutura antiquada da cidade.
Cuba já está sofrendo uma crise econômica que levou a longas filas por comida, combustível e remédios, além de apagões regulares em todo o país. A maioria das prateleiras dos supermercados está vazia há meses, complicando os preparativos para a tempestade.
“Estou comprando pão agora porque mais tarde não poderei sair de casa”, expôs o morador de Havana Guillermo Gomez, de 79 anos, enquanto esperava em uma fila que se estendia por vários quarteirões por alguns pedaços de pão. “A água vai chegar aos meus joelhos”, completou.
Na avenida Malecon, à beira-mar da capital, alguns moradores fecharam as janelas. Outros, sem tábuas, os colavam para evitar que se quebrassem, enquanto outros simplesmente removiam o vidro por completo.
Juan Ruiz, zelador de um café com vista para o Estreito da Flórida, explicou que a empresa havia retirado todas as suas mercadorias e equipamentos na noite anterior, preferindo trabalhar com o mar em vez de combatê-lo.
“Estamos nos preparando desde sábado”, disse Ruiz quando o vento começou a levantar espumas brancas na água. “O mar sempre surge aqui.”
O governo de Cuba cancelou as viagens de trem e ônibus interprovinciais pela metade ocidental da ilha antes da tempestade. Autoridades disseram que também estavam monitorando barragens antigas, muitas das quais já estavam se aproximando da capacidade antes da tempestade.
Limite da Flórida
A tempestade parece prestes a cortar uma faixa na província produtora de tabaco de Pinar del Rio, uma área menos povoada da ilha dedicada principalmente à agricultura e pesca.
Autoridades em Pinar del Rio disseram que evacuariam 24 mil pessoas da província antes do furacão. Fertilizantes, carvão e animais de fazenda foram transferidos para locais seguros, informaram autoridades, e a infraestrutura para a indústria do tabaco da região foi protegida.
Os meteorologistas comunicaram que, uma vez que Ian deixe o oeste de Cuba, a tempestade pode atingir o norte de Tampa Bay no início da sexta-feira (30) ou virar para noroeste em direção a Panhandle, na Flórida.
O governo de Joe Biden declarou uma emergência de saúde pública para o estado nesta segunda-feira e disse que está trabalhando com autoridades locais para fornecer apoio.
Tanto Cuba como a Flórida têm visto nos últimos anos furacões mais úmidos, ventosos e mais intensos, que alguns especialistas atribuem às mudanças climáticas.
Também há evidências de que as mudanças climáticas estão fazendo com que as tempestades viajem mais lentamente, despejando mais água em um só lugar.