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    Eleições 2022

    Lira questiona resultado de pesquisas eleitorais e defende punição de institutos

    Após repercussão negativa da afirmação, o presidente da Câmara dos Deputados negou ter levantado suspeitas

    Adriana De Lucada CNN em São Paulo

    O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), foi às redes sociais nesta quinta-feira (22), para lançar dúvidas sobre os resultados das pesquisas eleitorais e pedir punição a institutos, sem especificar a qual entidade se referia.

    No Twitter, Lira escreveu: “Nada justifica resultados tão divergentes dos institutos de pesquisas. Alguém está errando ou prestando um desserviço. Urge estabelecer medidas legais que punam os institutos que erram demasiado ou intencionalmente para prejudicar qualquer candidatura. Não podemos permitir que haja manipulações de resultados em pesquisas eleitorais. Isso fere a democracia.”

    Após a repercussão negativa das postagens, Lira voltou a se pronunciar, negando ter levantado suspeitas sobre as pesquisas.

    “Apenas, como milhares de brasileiros, não entendo tantas divergências de números. Devemos agir dentro da legalidade para evitar manipulações. Quem vestiu a carapuça precisa se explicar”, defendeu Lira.

    Diferentes institutos adotam diferentes tecnologias. Alguns conduzem suas entrevistas na rua, em pontos de fluxo, outros, abordam os eleitores em casa. Há ainda entrevistas por telefone ou internet. No geral, os institutos buscam replicar nas entrevistas as proporções de sexo, faixa etária, grau de instrução e renda que temos no país, o que acaba criando pequenas diferenças de resultado entre as pesquisas são os diferentes modos de coleta.

    A metodologia da pesquisa Quaest, por exemplo, é igual a do Ipec. Ambas são feitas de forma presencial indo até a casa das pessoas. O que muda é a proporção da população que ganha até dois salários que consta nas amostras consideradas pelos institutos. Enquanto a Quaest usa dados da Pnad, o Ipec pergunta sobre renda familiar para cada eleitor ao final do questionário.

    Felipe Nunes, especialista em pesquisas de opinião e diretor da Quaest, usou as redes sociais para esclarecer que: “Não há forma certa ou errada para medir a rejeição a um candidato. Por exemplo, são escolhas metodológicas que visam enfatizar uma ou outra dimensão analítica, não sendo medidas comparáveis.”

    Claudio Couto, cientista político e professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV), explica que “o que as pesquisas ajudam a perceber são tendências, para onde estão indo os eleitores, se estão rumando para um candidato, abandonando outro candidato, quais são os seus sentimentos, para isso as pesquisas também servem muito.”

    “Agora, imaginar que pesquisa é adivinhação, que ela vai resolver qual é o resultado da eleição antes da eleição acontecer, isso é na realidade um grande equívoco. É negar a própria ciência da estatística que é o que baliza as pesquisas”, continua Couto.

    Já para Mara Telles, presidente da Associação Brasileira de Pesquisadores Eleitorais (Abrapel) os questionamentos em relação às pesquisas eleitorais acontecem em um momento em que todos os levantamentos apontam, há cerca de um ano, o mesmo cenário.

    As insinuações de manipulação de resultados ainda podem resultar em violência. Nesta semana, um pesquisador do Datafolha foi agredido no interior de São Paulo, enquanto trabalhava.

    “A liberdade de expressão, a liberdade de pesquisa, é imprescindível ao acompanhamento das avaliações que a sociedade emite a respeito dos governos e, além disso, as pesquisas são de interesse público. E ameaças ao livre exercício das pesquisas na verdade afrontam a democracia”, finaliza Telles.