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    Macron alerta para “crise das democracias”, inclusive nos EUA

    Presidente da França concedeu entrevista exclusiva à CNN nesta quinta-feira (22)

    Paul LeBlancda CNN

    O presidente francês Emmanuel Macron fez um alerta sobre uma “crise das democracias”, inclusive nos Estados Unidos, após anos de esforços de “pressão” e “desestabilização” em uma entrevista exclusiva nos EUA com Jake Tapper, da CNN, nesta quinta-feira (22).

    Questionado por Tapper se ele está preocupado com a democracia americana, Macron respondeu: “Eu me preocupo com todos nós”.

    “Odeio dar sermões às pessoas e dizer: ‘Estou preocupado com você’… Mas acredito que o que está em jogo é o que construímos no século 18”, disse Macron em entrevista.

    O líder francês alertou para uma crise global das “democracias liberais” ocidentais quando perguntado por Tapper sobre a tendência de nacionalismo, populismo e racismo que se espalha na Europa e nos EUA.

    “Acho que temos uma grande crise das democracias, do que eu chamaria de democracias liberais. Sejamos claros quanto a isso. Por quê? Primeiro, porque ser sociedades abertas e democracias abertas e muito cooperativas pressionam seu povo. Isso pode desestabilizá-los”, disse Macron.

    “E é por isso que sempre temos que articular o respeito à vontade das pessoas, as referências da classe média e todo o progresso das nossas democracias acolhendo culturas diferentes, sendo abertos e cooperativos. É uma questão de equilíbrio”, continuou.

    “Está claro que nos últimos anos tivemos uma pressão crescente sobre nossas sociedades e estamos no ponto em que, em nossos diferentes países, há o que eu chamaria de crise da classe média.”

    Macron também disse que a mídia social está desempenhando um “papel muito importante para o que está em jogo em nossa democracia” – “para o melhor e o pior”. Ele disse que as plataformas sociais têm sido um impulsionador de “notícias falsas” e “novo relativismo”, que ele chamou de “assassino para todas as democracias, porque está quebrando completamente a relação com a verdade e a ciência, e a base de nossa própria democracia. ”

    Os comentários de Macron ecoam o amplo esforço do presidente Joe Biden para enquadrar a competição global do século 21 como definida por democracias versus autocracias. Esses avisos ganharam novo peso nos últimos meses, à medida que os temores de uma recessão global se aproximam e as ameaças à democracia aumentam ao lado da guerra da Rússia na Ucrânia.

    O presidente francês Emmanuel Macron fala à mídia antes de uma reunião do Triângulo de Weimar para discutir a atual crise na Ucrânia em 8 de fevereiro, em Berlim, Alemanha. / Hannibal Hanschke/Getty Images

    Na quarta-feira (21), o presidente russo, Vladimir Putin, anunciou a imediata “mobilização parcial” de cidadãos russos, uma medida que ameaça escalar sua vacilante invasão da Ucrânia após uma série de derrotas que causaram recriminações em Moscou.

    Putin disse em um discurso que usaria “todos os meios à nossa disposição” e até levantou o espectro das armas nucleares, se considerasse a “integridade territorial” da Rússia ameaçada.

    A mobilização significa que os cidadãos que estão na reserva podem ser convocados, e aqueles com experiência militar estarão sujeitos ao recrutamento, disse Putin, acrescentando que o decreto necessário já foi assinado e entrou em vigor na quarta-feira.

    Macron chamou a decisão de “erro” e uma oportunidade perdida de “ir para um caminho em direção à paz”.

    “Há alguns meses, Vladimir Putin transmite uma mensagem: ‘Fui agredido pela OTAN, eles desencadearam a situação e eu apenas reagi’. Agora, está claro para todos que o líder que decidiu ir para a guerra, o líder que decidiu escalar é o presidente Putin”, disse Macron.

    “E não tenho explicação racional”, acrescentou, chamando a invasão de “estratégia de intervenção da Alemanha” e uma “consequência pós-Covid-19” por causa do isolamento de Putin durante a pandemia.

    Macron foi reeleito em abril com uma proposta aos eleitores de uma França globalizada e economicamente liberal à frente de uma União Europeia fortalecida.

    Mas o desempenho de sua oponente de extrema-direita, Marine Le Pen, serviu como a mais recente indicação de que o público francês está se voltando para políticos extremistas para expressar sua insatisfação com o status quo (cenário atual).

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