Com Ciro Gomes estagnado, PDT racha a 12 dias das eleições
Presidente da legenda fala em "traidores"; pedetistas reclamam de ataques de presidenciável a Lula e são contra tese de neutralidade no segundo turno
A 12 dias da eleição presidencial, o PDT vive uma série de dilemas: insistir na candidatura de Ciro Gomes, resistindo aos apelos pelo “voto útil” e tentar uma virada fora da curva para tentar chegar ao segundo turno das eleições; ou desde já traçar um plano para um eventual segundo turno entre Lula (PT) e Jair Bolsonaro (PL). Há ainda a cobrança por um apoio claro ao ex-presidente petista contra o atual ocupante do Planalto em caso de um eventual segundo turno versus a declaração de neutralidade na disputa.
A CNN conversou com diversos pedetistas com mandato e com quem esteve ao lado de Leonel Brizola na fundação da legenda em 1979, em pleno começo da abertura política do país durante a ditadura militar.
Mesmo entre os que seguem na linha de frente da defesa da candidatura de Ciro, há uma avaliação de que o tom da campanha, sobretudo os ataques constantes feitos ao ex-presidente Lula, não contribuiu para que o pedetista conseguisse avançar sobre eleitores do PT e de Bolsonaro, ou mesmo para conseguir pelo menos dois dígitos nas pesquisas de intenção de voto.
Hoje a campanha já olha para o retrovisor com preocupação de ser ultrapassada por Simone Tebet (MDB), candidata que está em quarto lugar na corrida ao Planalto, de acordo com o agregador de pesquisas CNN.
Na última segunda-feira (12), a CNN mostrou que integrantes do PDT, sobretudo alguns do Rio Grande Sul, defendem que o partido fique neutro em um eventual segundo turno entre Lula e Bolsonaro.
A avaliação é de que o partido poderia perder filiados que chegaram à legenda junto com Ciro, em virtude do grande desgaste dele com o PT. Mas a ideia é rechaçada sobretudo pelos integrantes históricos da legenda de Brizola. Fontes da reportagem reclamaram do tom de Ciro e da possibilidade de que seu discurso esteja contribuindo para afastar a legenda do ideário histórico do PDT, mais ligado à esquerda.
“O PDT precisa ter responsabilidade. Bolsonaro envergonha o país, O PT despolitizou a campanha deste ano, mas Brizola nunca admitiria qualquer tipo de neutralidade”, afirma Manoel Dias, secretário-geral do PDT e presidente da Fundação Leonel Brizola. À CNN, ele declarou voto em Lula no segundo turno. Teremos uma pequena votação, mas poderemos dizer que Ciro é o único que não se misturou com o que está aí”, afirmou.
Três dias depois do primeiro turno de 2018, o PDT declarou “apoio crítico” a Fernando Haddad (PT) na disputa contra Bolsonaro. A CNN apurou que há, no PDT, quem defenda a mesma saída neste ano, caso haja segundo turno — efeito da pregação aberta do PT pelo “voto útil” nas últimas semanas, ou seja, a ideia de que só Lula pode vencer Bolsonaro, e que o eleitor de Ciro que desejar a saída do atual presidente deve, desde já, votar no PT.
As críticas aos petistas por conta dessa estratégia são muitas. “Despolitizaram a eleição”; “são autoritários igual ao Bolsonaro”, relataram integrantes do PDT à reportagem nos últimos dias. Quem conhece Ciro garante que a chance de ele e Lula dividirem um mesmo palanque neste ano é impossível, e que não há chance de uma mudança no rumo da campanha nesta reta final antes do primeiro turno.
Em meio ao racha e ao desânimo, o presidente do PDT, Carlos Lupi prega unidade em torno de Ciro. Ele diz que “voto útil é voto inútil” e, em mensagem disparada nas redes sociais nesta terça (20), afirmou que os aliados de Ciro que migraram para Lula são “mais frágeis”. “Eu quero lembrar Brizola: ‘a política, a mídia poderosa, os políticos tradicionais adulam e adoram traidores, mas a história os abomina”, afirmou, em prenúncio de que a crise está longe do fim.
Debate
As emissoras CNN e SBT, o jornal O Estado de S. Paulo, a revista Veja, o portal Terra e a rádio NovaBrasilFM formaram um pool para realizar o debate entre os candidatos à Presidência da República, que acontecerá no dia 24 de setembro.
O debate será transmitido ao vivo pela CNN na TV e por nossas plataformas digitais.
FOTOS — Os candidatos e as candidatas a presidente em 2022
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O presidente Jair Bolsonaro (PL) participa de solenidade no Palácio do Planalto, em Brasília - 20/06/2022 • CLÁUDIO REIS/PHOTOPRESS/ESTADÃO CONTEÚDO
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Luiz Inácio Lula da Silva, ex-presidente, governou o país entre 2003 e 2010 e é o candidato do PT • Foto: Ricardo Stuckert
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O candidato à Presidência Ciro Gomes (PDT) tenta chegar ao Palácio do Planalto pela quarta vez • FÁTIMA MEIRA/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO
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Simone Tebet cumpre o primeiro mandato como senadora por Mato Grosso do Sul e é a candidata do MDB à Presidência • Divulgação/Flickr Simone Tebet
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Felipe d'Avila, candidato do partido Novo, entra pela primeira vez na corrida pela Presidência • ROBERTO CASIMIRO/FOTOARENA/ESTADÃO CONTEÚDO
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José Maria Eymael (DC) já concorreu nas eleições presidenciais em 1998, 2006, 2010, 2014 e 2018, sempre pelo mesmo partido • Marcello Casal Jr/Agência Bras
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Vera Lúcia volta a ser candidata à Presidência da República pelo PSTU. Ela já concorreu em 2018 • Romerito Pontes/Divulgação
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Leonardo Péricles, do Unidade Popular (UP), se candidata pela primeira vez a presidente • Manuelle Coelho/Divulgação/14.nov.2021
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Sofia Manzano (PCB) é candidata à Presidência da República nas eleições de 2022 • Pedro Afonso de Paula/Divulgação
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Senadora Soraya Thronicke (União Brasil-MS), candidata à Presidência da República - 02/08/2022 • ALOISIO MAURICIO/FOTOARENA/ESTADÃO CONTEÚDO
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Padre Kelmon (PTB) assumiu a candidatura à Presidência após o TSE indeferir o registro de Roberto Jefferson (PTB) • Reprodução Facebook