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    Eleições 2022

    Lula e Dilma também defenderam seus governos na ONU em anos de reeleição

    Em discursos nas Nações Unidas em 2006 e 2014, petistas exaltaram avanços econômicos, assim como atual presidente, que citou hoje na Assembleia-Geral queda do desemprego e da inflação

    Ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Dilma Rousseff (PT) em discursos na ONU
    Ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Dilma Rousseff (PT) em discursos na ONU Arte CNN

    Carolina Cerqueirada CNN

    O presidente Jair Bolsonaro (PL) discursou nesta terça-feira (20) na 77ª Assembleia Geral das Nações Unidas, em Nova York, e defendeu as ações de seu governo. No ano em que disputaram a reeleição os ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Dilma Rousseff (PT) e também exaltaram suas gestões quando tentavam um novo mandato, em 2006 e 2014, respectivamente.

    O único que não discursou na ONU durante a campanha de reeleição foi Fernando Henrique Cardoso (PSDB). Em 1998, ele foi representado pelo então ministro de relações exteriores, Luiz Felipe Lampreia.

    Lula e Dilma dedicaram boa parte do discurso para destacar ações de seus governos na área econômica e social. Lampreia, por sua vez, dedicou-se à crise econômica vigente na época, pedindo a cooperação entre os países para o enfrentamento do problema.

    A seguir, a CNN lembra os principais pontos das falas dos ex-presidentes na ONU.

    Lula, 2006: combate à fome e Bolsa Família

    Em seu discurso na ONU, em 2006, Lula ressaltou conquistas do seu governo, principalmente na área social. Segundo o então presidente, o Brasil havia avançado no combate à fome e à pobreza, além de ter promovido a diminuição do desemprego e o aumento do poder aquisitivo.

    Ele destacou o Bolsa Família, afirmando que o programa garantia “renda mínima a mais de 11 milhões de famílias”. “Destinar recursos para a área social não é gasto, é investimento”, disse.

    O petista pediu o apoio da comunidade internacional para que países subdesenvolvidos e em desenvolvimento também pudessem avançar. “Que não se iludam os países ricos, por mais fortes que hoje sejam, ninguém está seguro num mundo de injustiças”, pontuou.

    Ele pediu que o combate à fome e à pobreza fosse uma “prioridade da comunidade internacional”.

    O então presidente ainda defendeu o livre comércio, criticando o que chamou de “amarras do protecionismo”. Segundo ele, era preciso que a velha geografia do comércio internacional fosse reformada.

    “O comércio internacional será um valioso instrumento para gerar riqueza, distribuir renda e criar empregos”, disse. “Eliminar as barreiras que travam o desenvolvimento dos países pobres é dever ético da comunidade internacional”, acrescentou.

    Ele também defendeu o trabalho em conjunto dos países da América do Sul, com o fortalecimento do Mercosul, afirmando que a região era “uma prioridade da política externa brasileira”. “O futuro do Brasil está vinculado ao de seus vizinhos”, finalizou.

    Lula criticou também o gasto em esfera global com guerras e conflitos. “Todos aqui também sabem que a segunda Guerra do Golfo custou várias centenas de bilhões de dólares. Com muito menos poderíamos mudar a triste realidade de uma grande parcela da população mundial”, afirmou.

    Dilma, 2014: ações afirmativas e avanços econômicos e sociais

    A então presidente iniciou seu discurso em setembro de 2014, na ONU, destacando a proximidade do pleito: “Estas eleições são a celebração de uma democracia que conquistamos há quase 30 anos, depois de duas décadas de governos ditatoriais”.

    Ela destacou os avanços do Brasil na área econômica, afirmando que foi construída uma “economia moderna” e uma “sociedade mais igualitária”.

    Dilma também ressaltou a saída do Brasil do Mapa da Fome, anunciada naquele ano. “Trinta e seis milhões de brasileiros deixaram a miséria desde 2003; 22 milhões somente no meu governo”, disse.

    E citou a redução da mortalidade infantil, o avanço do ensino técnico e a ampliação da educação superior. Ao falar deste último, destacou a política de cotas e o programa Ciência Sem Fronteiras.

    “Ações afirmativas permitiram o ingresso massivo de estudantes pobres, negros e indígenas na nossa universidade”, disse. “Pelo Ciência Sem Fronteiras, mais de 100 mil estudantes de pós-graduação e de graduação são enviados às melhores universidades do mundo”, completou.

    A petista afirmou que o Brasil tinha compromisso com o combate às discriminações, citando que houve avanços no incentivo à participação das mulheres no mercado de trabalho e na política.

    “O mesmo empenho que temos em combater a violência contra as mulheres e os negros, os afrobrasileiros, temos também contra a homofobia”, disse. Ela citou o reconhecimento pela Suprema Corte da união estável entre pessoas do mesmo sexo, em 2011.

    Dilma também destacou os avanços e compromissos no combate às mudanças climáticas. “Entre 2010 e 2013, deixamos de lançar na atmosfera, a cada ano, em média, 650 milhões de toneladas de dióxido de carbono por ano. Alcançamos em todos esses anos as quatro menores taxas de desmatamento da nossa história. Nos últimos 10 anos, reduzimos o desmatamento em 79%, sem renunciar ao desenvolvimento econômico nem à inclusão social”, colocou.

    Por último, a então presidente também falou das ações adotadas em seu governo no combate à corrupção, citando medidas como a aprovação da Lei de Acesso à Informação (LAI), que permite acesso por parte de qualquer cidadão a informações do governo, e a construção do Portal da Transparência, que permite acesso aos gastos governamentais.

    “A história mostra que só existe uma maneira correta e eficiente de combater a corrupção: o fim da impunidade com o fortalecimento das instituições que fiscalizam, investigam e punem atos de corrupção, lavagem de dinheiro e outros crimes financeiros”, disse.

    Lampreia, chanceler de FHC, 1998: estabilização da moeda e justiça social

    O ministro das Relações Exteriores do Brasil, Luiz Felipe Lampreia, foi o responsável pelo discurso na Assembleia Geral da ONU, em 1998, que teve como foco a crise econômica mundial.

    Lampreia disse que os mercados globais enfrentavam um período de instabilidade e destacou que o momento era marcado pela integração das economias nacionais e, por isso, as ações adotadas pelos governos deveriam ser, “cada vez, mais coordenadas”.

    “A crise não se resolverá sozinha. Devemos nos unir para enfrentá-la”, disse.

    Segundo o ministro, desde o início de seu governo, o presidente Fernando Henrique Cardoso (FHC) chamou a atenção de líderes mundiais para a necessidade de tornar o sistema financeiro global mais “estável e previsível”.

    “O nosso não é um mundo em que as nações devem ser deixadas à própria sorte. O custo de tal curso é invariavelmente maior do que a energia ou os recursos economizados pelas tentativas de se distanciar dos problemas dos outros”, afirmou.

    Lampreia citou propostas do presidente que classificou como “concretas”, como aumento da coordenação de políticas macroeconômicas entre países desenvolvidos, e ampliação dos mecanismos de estabilização das moedas sob ataque especulativo.

    Segundo o ministro, o Brasil possuía forte compromisso com a redução da lacuna entre teoria e prática dos Direitos Humanos e que o objetivo principal era promover um desenvolvimento aliado à justiça social.

    “Tivemos um progresso nas últimas duas décadas nas áreas de saúde, educação, combate à pobreza e a redução das desigualdades entre as regiões brasileiras”, colocou.

    O ministro ainda destacou o papel que o país exercia no cenário internacional, elogiando a política externa do país e afirmando que essa seria “uma das credenciais mais importantes do Brasil”, fortalecida, segundo ele, pelo “amadurecimento da democracia brasileira”.

    FHC discursou na ONU em 1995 e 2001, primeiro e penúltimo ano de seus mandatos como presidente.

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