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    Rainha Elizabeth posou 12 vezes para escultura de bronze feita em 1957

    Obra foi feita pelo artista nigeriano Ben Enwonwu, que surpreendeu ao "africanizar" a imagem da monarca

    Stephanie BusariNimi Princewillda CNN , Lagos, Nigéria

    O ano era 1956, e havia muita expectativa pela primeira visita da rainha Elizabeth II à Nigéria. A jovem monarca tinha apenas alguns anos de reinado e fazia uma visita muito esperada ao país da África Ocidental, que ainda não havia se tornado uma república.

    Antes de sua chegada, o famoso artista nigeriano Ben Enwonwu recebeu uma comissão para comemorar a visita dela com uma estátua, o que o tornou o primeiro artista africano a criar um retrato oficial de um membro da família real.

    Ele começou a trabalhar na escultura no ano seguinte, visitando o Palácio de Buckingham, em Londres, para várias sessões.

    “Em 1957, a rainha Elizabeth II posou para Enwonwu para uma grande escultura de bronze”, diz o Royal Collection Trust, que supervisiona a coleção de arte da família real britânica.

    Ao todo, a rainha Elizabeth posou para Enwonwu 12 vezes, oito das quais no Palácio de Buckingham, de acordo com o site da Fundação Ben Enwonwu.

    O resto das sessões ocorreu em um estúdio privado pertencente a Sir William Reid-Dick, colega de Enwonwu na Royal Society of British Artists.

    Durante esse período, Enwonwu “concluiu um busto de retrato e um modelo de esboço da escultura”, de acordo com a fundação.

    Ben Enwonwu trabalhando na escultura de bronze da rainha Elizabeth II / Oliver Enwonwu / The Ben Enwonwu Foundation

    “Características africanas”

    Enwonwu completou a escultura em 1957 e surpreendeu alguns na época por retratar a rainha com lábios mais carnudos. Seu filho, Oliver, disse que era parte do estilo de assinatura de Ben Enwonwu “africanizar” seus modelos.

    “Algumas das críticas que a escultura recebeu foi que o artista retratou a rainha através de seus olhos africanos, o trabalho tinha características africanas, o que era característico de seu trabalho”, disse Oliver Enwonwu à CNN.

    Oliver, também um artista renomado, descreveu a escultura da rainha como uma das maiores obras de seu pai.

    “Meu pai era muito orgulhoso disso. Foi uma de suas obras-primas que mostrou sua destreza como artista”, disse ele à CNN.

    “Na época, [Enwonwu fazer uma escultura da rainha] era algo muito importante, porque ele era um artista africano. Mas ele era o mais famoso na Commonwealth na época, então foi muito fácil que ele fosse aprovado “, acrescentou Oliver.

    Embora a escultura tenha ficado na Nigéria, a rainha Elizabeth adquiriu o busto e, de acordo com o Royal Collection Trust, adquiriu também uma outra escultura de Enwonwu, bem como várias de suas pinturas.

    Ben Enwonwu e a rainha Elizabeth II olhando para sua escultura / Oliver Enwonwu / The Ben Enwonwu Foundation

    A escultura de bronze da rainha foi posteriormente colocada no prédio do parlamento nigeriano antes dos preparativos para a independência do país da Grã-Bretanha em 1960.

    O trabalho agora reside no museu nacional nigeriano.

    Um influente artista africano

    Enwonwu passou a ser conhecido como um dos maiores modernistas da África. Seu retrato da princesa nigeriana Adetutu “Tutu” Ademiluyi, apelidada de “Mona Lisa africana”, foi vendido por mais de US$ 1,6 milhão em um leilão em Londres, em 2018.

    Nascido em 1917, Enwonwu foi descrito como o artista africano mais influente do século 20. Ele havia se tornado um artista eminente antes mesmo de sua comissão real e, em 1954, recebeu da rainha o prêmio de Membro da Ordem do Império Britânico por seus serviços à arte.

    Inauguração da estátua da rainha Elizabeth II na Nigéria / Oliver Enwonwu / The Ben Enwonwu Foundation

    Enwonwu ganhou uma bolsa de estudos em 1944 da Shell West Africa e do British Council para estudar belas artes no Reino Unido após uma exposição individual de sucesso. Ele recebeu uma educação clássica na Slade School of Fine Art, em Londres, e frequentou a Universidade de Oxford. Enwonwu mais tarde retornou à Nigéria para se tornar professor universitário.

    Ele foi nomeado o primeiro professor de arte da Nigéria pela Universidade de Ife, agora conhecida como Universidade Obafemi Awolowo, em 1971 e recebeu um Prêmio de Mérito Nacional do governo nigeriano nove anos depois.

    Ele morreu em 1994, aos 77 anos.

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